Falar no aumento da população dos reclusos, e dos que passam constantemente pela barra dos tribunais, é falar numa sociedade cujo modelo de desenvolvimento não se ajusta às suas necessidades mais elementares. Os imputs duma envolvente externa cada vez mais contingente implicam respostas adequadas de prevenção e de regeneração que, frequentemente, falham por influência doutros interesses que hierarquizam os crimes de forma pouco aderente à escala do cidadão comum. Muitas das penas parecem pois desproporcionadas quer pela leveza onde parecia clara a evidência e natureza da culpa, quer pela punição severa em situações que se afiguram de somenos gravidade.
Se por um lado se desacredita nos políticos e naqueles que usam o poder em benefício próprio, por outro os julgamentos fazem-se geralmente na praça pública, de forma indecorosa qual justiça popular incendiada pela ausência de uma lei que castigue. Eventuais inocentes poderão pagar, deste modo, pelas nódoas do curriculum, crimes que não cometeram.
É que sendo Portugal o 26º. País no ranking da corrupção, são irrisórios os números dos que efectivamente vieram a cumprir pena. E o que é mais espantoso é que tendo os políticos tão má fama não há, entre a população reclusa, um único político que seja.
Mas o mal não é só nosso. Por estes dias andou na comunicação social o caso dum mendigo espanhol que foi condenado a cinco anos de cadeia com pena suspensa por ter roubado meio pão. A justificação está em que o dito mendigo usou de agressividade para obter o dito meio pão.
Também dentro das cadeias há tratamentos VIP e tratamentos abaixo cão. Os EUA num relatório recente, decidiram criticar Portugal, pelas más condições nas cadeias, invocando os Direitos Humanos. Vindo dum País com pena de morte e que de Direitos Humanos tem muito a aprender, não deixam de ser curiosas algumas observações pertinentes.
Considera aquele relatório que a polícia portuguesa e os guardas prisionais cometem frequentes abusos sobre os presos e que as condições nas cadeias ferem a dignidade humana em toda a sua dimensão.
Também a violência contra mulheres e crianças, a discriminação de género e o tráfico de pessoas para exploração laboral e sexual são apontados, pelos EUA, no referido Relatório de censura a Portugal acrescentando também dados de um estudo sobre drogas nas prisões portuguesas, divulgado em 2007, em que aproximadamente 10 por cento da população prisional estava infectada com o VIH e 15 por cento com hepatite C.
O tema é por demais complexo para que se consiga sequer aflorar todas as vertentes de análise.
Mas fica aqui um alerta para que no tempo presente, açoitado pela insegurança e pelo medo, cada um de nós retire as devidas ilações. Da consciência colectiva que se formar dependerá o nosso futuro e o das nossas crianças.
Se por um lado se desacredita nos políticos e naqueles que usam o poder em benefício próprio, por outro os julgamentos fazem-se geralmente na praça pública, de forma indecorosa qual justiça popular incendiada pela ausência de uma lei que castigue. Eventuais inocentes poderão pagar, deste modo, pelas nódoas do curriculum, crimes que não cometeram.
É que sendo Portugal o 26º. País no ranking da corrupção, são irrisórios os números dos que efectivamente vieram a cumprir pena. E o que é mais espantoso é que tendo os políticos tão má fama não há, entre a população reclusa, um único político que seja.
Mas o mal não é só nosso. Por estes dias andou na comunicação social o caso dum mendigo espanhol que foi condenado a cinco anos de cadeia com pena suspensa por ter roubado meio pão. A justificação está em que o dito mendigo usou de agressividade para obter o dito meio pão.
Também dentro das cadeias há tratamentos VIP e tratamentos abaixo cão. Os EUA num relatório recente, decidiram criticar Portugal, pelas más condições nas cadeias, invocando os Direitos Humanos. Vindo dum País com pena de morte e que de Direitos Humanos tem muito a aprender, não deixam de ser curiosas algumas observações pertinentes.
Considera aquele relatório que a polícia portuguesa e os guardas prisionais cometem frequentes abusos sobre os presos e que as condições nas cadeias ferem a dignidade humana em toda a sua dimensão.
Também a violência contra mulheres e crianças, a discriminação de género e o tráfico de pessoas para exploração laboral e sexual são apontados, pelos EUA, no referido Relatório de censura a Portugal acrescentando também dados de um estudo sobre drogas nas prisões portuguesas, divulgado em 2007, em que aproximadamente 10 por cento da população prisional estava infectada com o VIH e 15 por cento com hepatite C.
O tema é por demais complexo para que se consiga sequer aflorar todas as vertentes de análise.
Mas fica aqui um alerta para que no tempo presente, açoitado pela insegurança e pelo medo, cada um de nós retire as devidas ilações. Da consciência colectiva que se formar dependerá o nosso futuro e o das nossas crianças.
22 comentários:
As cadeias não são paraísos e muitos dos seus "habitantes" também não são companhias recomendáveis.
A reabilitação, que todos nós desejamos e consideramos ideal, para quem já prevaricou, nem sempre é possível e nem sempre é desejada pelo próprio. Isto pode parecer uma contradição, ou até uma quase impossibilidade mas é uma dura realidade. Depois temos os primários e os reincidentes, que são realidades diferentes, mas que acabam por se misturar.
É tudo muito complexo, há quem tente humanizar estes espaços e criar horizontes de esperança, mas não é fácil nem rápido.
É um tema demasiado profundo para uma abordagem mais cuidada em tão pouco espaço.
Abraço do Zé
QUERIDA LÍDIA, CONCORDO COM O TEU TEXTO E TAMBÉM COM ALGUMAS QUESTÕES QUE O ZÉ LEVANTA... ESTE É UM TEMA DE FACTO MUITO VASTO, PARA TÃO POUCO ESPAÇO... MAS HÁ UM FACTO QUE TU SALIENTAS E EU NÃO POSSO DEIXAR EM BRANCO... O FACTO DA CHAMADA DE ATENÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS, QUE QUANTO A MEU VER ,NÃO TEM MORAL, PARA CHAMAR A ATENÇÃO DE OUTROS PAÍSES... OLHEM PARA SI PRIMEIRO...
UM GRANDE ABRAÇO AMIGA,
FERNANDINHA
Sem a menor dúvida, amiga: na consciência social, está o remédio para os males do mundo. Boa semana, obrigado!
Lídia.
Esta questão dos reclusos guardas prisionais juizes e penas.Levanta sempre grandes polémicas e é profundo demais como diz o nosso amigo Zé, para se discutir aqui. Estamos a falar de seres humanos.
Agora um país como os Estados Unidos,que de estado para estado as leis mudam desde a prisão perpétua até a pena de morte praticada por vários meios.
Esse país tem que reflectir nele próprio antes de chamar a atenção para um país como Portugal.
Achei a fotografia bastante adequada ao texto.Continua
beijões
Abordas um tema bastante controverso e subscrevo as palavras do Zé Povinho, porque apesar dos pesares há quem tente reabilitá-los e não conseguem, porque só o próprio é que tem que ter a vontade de mudar.
Há presos, por exemplo preventivamente que são inocentes e há bem pouco tempo vou liberado um jovem indiciado de morto outro jovem e afinal o verdadeiro foi apanhado. Quem paga ou apaga o sofrimento psicológico dos quase dois meses a esse jovem?
Em Espanha ocorreram também mais 3 casos e pensava eu que a noss justiça era lenta e pelo artigo que li e pela entrevista que um deles deu...a espanhola ainda é mais lenta e desumana.
Sublinho estas tuas palavras:"Se por um lado se desacredita nos políticos e naqueles que usam o poder em benefício próprio, por outro os julgamentos fazem-se geralmente na praça pública, de forma indecorosa qual justiça popular incendiada pela ausência de uma lei que castigue. Eventuais inocentes poderão pagar, deste modo, pelas nódoas do curriculum, crimes que não cometeram.".
Os crimes por corrupção...nunca vi nenhum político sentenciado com pena efectiva.
Oliveira e Costa está preso preventivamente a aguardar audiência, mas com todas as mordomias que não são dadas do mesmo modo a todos que aguardam julgamento.
Compete a nós cidadãos trabalhar de mãos dadas para "uma dignidade justa e social" digna...mas até nisso o povo português pouco ou nada faz ou se une.
Um beijo e gostei muito deste momento de reflexão
Trata-se não de um problema mas de uma problemática. Sobreviveria a sociedade actual sem prisões?! AS prisões existem para punir, para nos proteger dos criminosos, para quê?!
O mundo do crime e das prisões é um mundo que nos mete medo, que queremos para lá dos nossos muros. O mundo da corrupção e da política é um mundo que nos diverte, que aceitamos como normal. Crime e corrupção nem sequer são a mesma palavra!
Um abraço por celas iguais para todos
O pior ainda está para vir
Com a chegada das eleições ouvimos as promessas de sempre. Oriundos de todos os quadrantes ouvem-se os salvadores da Pátria. Para a maioria dos portugueses eles são os coveiros da democracia. Uns dizem que irão ajudar o povinho –Outra vez? Há segunda só cai quem quer-. Outros dizem que é preciso falar verdade. A verdade sente-se e vê-se nas ruas do quotidiano. Outros dizem que o caminho é suspender as obras caras e inúteis, e que o governo e as autarquias devem centrar a sua política no (des)emprego. O governo diz que vai antecipar as obras públicas para criar emprego. Outros centram-se no “fino” negócio da Cimpor. Outros dizem que há enriquecimento ilícito de autarcas e que ninguém leva a justiça avante. Outros dizem que são alvos de campanhas negras. E, enquanto isto se passa, a pobreza entre a população portuguesa aumenta cada vez mais. A insegurança é cada vez mais notória. Só os benditos nomeados não vêm a realidade, puros ilusionistas tecnocratas fechados nos seus gabinetes climatizados, com medo de perder o lugar. Ouve-se para aí dizer que existem 139 autarquias a ser investigadas… Assistimos a uma espécie de duelo entre o Ministério Público e a Polícia Judiciária.
Ouve-se, acima de tudo, o povinho a dizer que já não acredita nos políticos em geral, nem nas instituições da República. Os portugueses estão fartos deste teatro em que são meras marionetas destes políticos que se perpetuam no poder. Aos olhos do povo, esta pseudo democracia republicana parece não ter saída. Não há liberdade sem segurança e não há segurança sem justiça. E o pior ainda está para vir com o agravamento da crise social e do aumento do desemprego. É que os assaltos já não são cometidos apenas por gangs organizados. Há quem roube para satisfazer necessidades básicas de primeira necessidade para a sua família. E quando os jovens não encontram emprego, nem vislumbram qualquer futuro, a delinquência aumenta. E a criminalidade em geral continuará a engrossar. Será transversal às diferentes idades da população, porque a pobreza e o desespero atingirá, cada vez mais, todos os escalões etários.
Mário Relvas
Lidia
Gosto imenso da fotografia. ehehe
venho cá logo comentar com mais tempo.
bej
nas prisões a droga é oferecida, o que não me parece ter muita lógica...
ah, com a justificação que acalma os reclusos, o que na realidade acredito que o faça
Neste sistema de organização
social
andamos todos
a apanhar cavacos
sócrates
jardins à beira mar betonados
Reclusos
somos todos nós
por insuficiências
na escola dos meninos
e falta de opinião pública
a céu aberto
Minha querida Lídia, nunca entendi porque razão há-de haver prisões diferenciadas. Mas, convenhamos, o sistema prisional +e coerente; se alguém se apoderar de um automóvel
alheio comete um roubo, mas se se apropriar de vários milhões de euros pratica tão-só um desvio...
E só isto diz tudo sobre a hipocrisia que nos rege, não é?
Um abraço de estima para ti, Lídia!
As prisões fazem falta, são males necessários, mas são úteis para aqueles que vivem à margem da sociedade. E, já sabemos, que não podem ser "resorts", mas que têm de ter um mínimo de comodidade...
Um abraço
Compadre Alentejano
A dignidade é um atributo de todo o ser humano, independentemente dos actos cometidos.
Este é, mesmo, um tema complexo...vou procurar vir mais tarde...beijos, amiga...
sempre atenta e oportuna em teus posts. saimos sempre mais fortalecidos pelas tuas palavras
abraços
Lídia , minha querida.
Gostei muito da tua visita.
Como foi as férias? Como vai o filhao?
Este post teu faz a gente estremecer . Sabemos que tudo que dizes é pura verdade.
O homem perdeu seu referencial de hombridade, perdeu a ética, a compostura, para se tornar o que é.
ainda bem , que existe homens de bem e mulheres de bem que repudiam este proceder.Nem tudo está perdido......
Beijo carinhoso para ti, querida amiga!
Ray
O tema é, de facto, muito complexo.
Mas aboradste com saber o essencial desse tema.
Gostei dos teus pontos de vista.
Beijo.
Também não me vou alongar, considero positivo o fim anunciado do balde higiénico, defendo condições mínimas nas prisões. Quanto a seringas aí não tenho qualquer tolerância, se existisse vontade séria, pura e simplesmente não entrava droga nas prisões, é o que defendo.
Salve! Lídia
Um mendigo pegar um pão para comer, nunca deveria ser considerado crime!
Roubar é aquilo que fazem todos esses corruptos das elites políticas e financeiras, que facilitam o enriquecimento dos ricos à custa da miséria dos pobres.
Um abraço.
Salutas!
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