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TUBERCULOSO EM FUGA PROCURADO PELA POLÍCIA

O Comando Metropolitano do Porto da PSP lançou, ontem, um alerta geral para a localização de um jovem de 20 anos, tuberculoso, que se encontrava internado, por ordem judicial, no Hospital Joaquim Urbano, no Porto. O aviso foi feito com rapidez, uma vez que a Polícia percebeu que o caso poderia ser grave em termos de saúde pública. No entanto, fonte do hospital garantiu, ao JN, que o perigo de contágio só se colocará se a fuga se mantiver durante mais tempo.O alerta inclui a descrição do jovem, residente em Bragança, e a sua leitura foi recomendada a todos os agentes, porque, de acordo com o que o JN apurou, "trata-se de um caso invulgar", de tal forma que se recomenda que, "em caso de abordagem, os agentes devem manter o indivíduo isolado, em contacto visual directo e alertar de imediato o INEM para que seja imediatamente transportado" para a unidade hospitalar.Precauções que quase parecem exageradas, tendo em conta o actual estado clínico do doente. "O jovem tem tuberculose, mas as últimas análises indicam que já não está a expulsar bacilos, ou seja, já não está numa fase contagiosa da doença", referiu o director clínico do Hospital Joaquim Urbano, acrescentando que tal não significa que está curado. "Necessita de continuar o tratamento, que se prolonga por seis a nove meses". Se interromper a medicação, volta ao início da doença, que pode mesmo tornar-se resistente aos tratamentos."O rapaz estava sempre a entrar e a sair do hospital e não é o facto de existir uma ordem judicial para o seu internamento que o impede. Os médicos e enfermeiros não têm capacidade para o prender", explicou Rui Sarmento e Castro, dizendo que apenas nesta última fuga é que provocou alguns distúrbios, partindo vidros. Nas situações anteriores, limitou-se a sair sem alarme.Ordem judicialA primeira entrada de Tiago no Hospital Joaquim Urbano aconteceu no passado dia 3, tendo sido acompanhado por dois guardas. A sua transferência para a unidade no Porto aconteceu após um pedido de colaboração do Hospital de Bragança e da ordem judicial do Ministério Público de Bragança. Nessa altura, o hospital do Porto questionou se os guardas se iriam manter na unidade, por forma a vigiar o paciente, "uma vez que não temos qualquer vocação para prisão", esclareceu o director clínico. A resposta foi negativa e, três dias depois, Tiago concretizou a sua primeira fuga.Foi encontrado em Faro, levado para Bragança, e daí transportado novamente para o Porto, onde continuou o tratamento. Actualmente, sublinhou o director clínico, o jovem até poderia ter alta e prosseguir o tratamento para a tuberculose em Bragança. "Mas provavelmente não o faria, daí a necessidade de internamento". Por outro lado, acrescentou o clínico, "existe também a questão psiquiátrica que motivou a ordem judicial para o internamento compulsivo". E nessa matéria, salientou, "o Hospital Joaquim Urbano não pode dar resposta, não tem essa valência, quando muito pode levá-lo a consultas psiquiátricas".
Fonte: JN 24-08-07

3 comentários:

NÓMADA disse...

É realmente espantoso como estas coisas acontecem. E depois as explicações são o máximo!.....

SEMPRE disse...

O que é que estão à espera? Que a doença não seja contagiosa? Que o indivíduo não se aproxime de ninguém? Mas o que mais me impressionou foram os critérios legalistas e das competências nos diferentes níveis de intervenção.

sol poente disse...

Parece uma situação algo caricata de país terceiro mundista. Por um lado ninguém se pode aproximar do foragido por ser tiberculoso mas por outro a tuberculose não está em fase de contágio. Também não se percebe o conteúdo jurídico: se estava sob a alçada da justiça o hospital não tinha autoridade sobre ele?