Em rigor não se sabe ao certo quantos toxicodependentes existem em Portugal. Estimam-se em mais de 100.000 mil mas ninguém sabe ao certo. Em situação marginal e perdida a identidade quantos irão por esses caminhos fora sem tratamento e sem reconhecimento como pessoas?!...
Aumentam os casos de infecção pelo HIV dos consumidores de drogas injectáveis e, pese embora as mediáticas apreensões de droga que vão sendo sinalizadas, noticias vindas a lume com base no Relatório do IDT de 2007 apontam para um aumento do consumo no período entre 2001 e 2007, em que a população toxicodependente terá passado dos 7,8 para os 12 por cento.
Estes números que aparecem na opinião pública como que envergonhados, e logo contestados por outros quadrantes, revelam que o combate a este flagelo tem ficado muito aquém das necessidades pese embora o facto de se pretender que grandes passos têm sido dados no sentido da prevenção e do combate ao tráfico.
À medida que cresce o número de toxicodependentes aumentam também os casos de sida, hepatite e de mortes por causas associadas à droga. Concomitantemente surgem no mercado novas drogas algumas das quais susceptíveis de maiores e mais rápidas dependências.
A associação de todo um conjunto de fragilidades sociais à insuficiência, ou ineficácia, de todo um conjunto de medidas, tem trazido a angústia a milhares de famílias que, atingidas pelo flagelo, sentem na pele a falta de apoios estatais que empurram algumas delas (as que para isso têm meios), para instituições privadas na esperança, por vezes ilusória, de tratamento e da reinserção social.
Paralelamente vai crescendo a criminalidade associada à toxicodependência e as prisões enchem-se de toxicodependentes que constituem mais de 2/3 dos reclusos existentes em Portugal.
Também nas prisões aumentam os casos de infectados pelo HIV que conseguem, sempre por meios cada vez mais sofisticados, receber droga do exterior injectando-se com seringas por vezes infectadas.
Ao caminhar nas ruas de Lisboa podemos facilmente identificar todo um conjunto de zonas, onde estas situações são facilmente detectáveis, e que vivem e coexistem sem quebra de ritmo nem de actividade, contrastando com uma elite que vai passando indiferente.
Não sou defensora da liberalização da droga e tenho reservas quanto à bondade das salas de chuto. Porém interrogo-me sobre que motivos terão levado João Goulão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) a afirmar, muito recentemente, que acredita já não se justificarem “salas de chuto” em Lisboa devido às respostas existentes.
Segundo este responsável e fazendo fé em notícia publicada pelo semanário SOL, em 20 de Novembro, João Goulão considera que em Lisboa existem outras respostas de proximidade relativamente aos locais sinalizados como justificando as salas de chuto e que as franjas de toxicodependentes mais desorganizadas têm vindo a diminuir.
Fico perplexa e não posso deixar de me interrogar: quem andará a empurrar as salas de chuto? E com que finalidade?
Provavelmente a de demonstrar que diminuiu o que não se quer ver.
26 comentários:
A droga é um negócio com muitos interessados.
Minha querida, sabes certamente que o negócio da toxicodependência gere milhões...
e assim, nada a fzar, não é?
Bem hajas.,Lídia.
beijo.
excelente e oportuno texto. uma droga, de facto. os chutos e as salas...
Não é fácil resolver este problema. As medidas que se vão tomando não resultam apesar dos auto-elogios dos seus autores. Se não conseguem pegar o toiro de caras, peguem-no de cernelha.
Um abraço farto de ver o assunto tratado por senhoras de colares e homens de gravata
Salve! Lídia
São os flagelos dum mundo construído na base dos interesses mais gananciosos e duma moral de "uma mão lava a outra". Tudo em nome do desfile das vaidades.
Impõe-se uma completa reincersão social de toda a sociedade, para a todos ser aplicado um regime completo de reeducação cívica e humana.
Abraço.
Salutas!
MFC
SÃO
HERETICO
PATA NEGRA
MANDRAG
A droga é um negócio. Porém desse negócio resultou uma sociedade onde a toxicodependência destruiu famílias inteiras e uma larga faixa da população que ficou prisioneira do vício.
Há pois que exigir aos governos e às autarquias que combatam o tráfico e implementem medidas de recuperação e integração social dos drogados. Há também que actuar no sentido de proporcionar àqueles que enveredaram pelo mundo da droga condições para serem menos marginais e menos difusores de doenças que vêm associadas à toxicodependência.
Contudo, não sou a favor da liberalização da droga e tenho reservas em relação às salas de chuto embora reconheça que podem ter um papel sanitário positivo no entretanto.
Nada disso está em causa. O que me parece absurdo é que tendo aumentado os casos da toxicodependência e vendo nós a olho nu o que são actualmente muitas das ruas de Lisboa, se tenha defendido antes as salas de chuto e agora se venha dizer que já não se justificam.
Parece-me uma hipocrisia e uma perversidade tal afirmação face à posição anterior.
É como a foto que escolhi para ilustrar o texto e que tirei no Largo da Trindade em Lisboa: o estacionamento é proibido mas, impunemente, estaciona-se até à exaustão fazendo as autoridades vista grossa.
É este jogo do faz-de-conta que nos diminui.
Abraço
confesso que não sei qual a melhor solução para combater a toxicodepêndencia para além de ensinar os mais novos das consequências. contudo todos sabemos que há muitos interesses na venda de drogas
As salas de chuto nunca tiveram um serviço público correcto. A sua implementação não teve em conta o verdadeiro tratamento, mas a substituição da droga por outra. Claro que grande parte dos toxicodependentes a utiliza como alternativa grátis à droga habitual de consumo.
Quanto a Goulão apenas muda de opinião como todos os cataventos interesseiros.
Saudações e um sorriso
O João Goulão está a defender o tacho. Disseram-lhe que, com a proximidade das eleições, as salas de chuto deviam de sair do programa, e ele cumpre...e toca a dizer que, face à realidade actual (?), elas já não se justificam...
Saão todos os filhos da...dita cuja...
Um abraço
Compadre Alentejano
Provavelmente os mesmo que chutam pelas farmácias, pelo ensino, pela saúde, pelos notórios, pelos funcionários públicos etc,etc,etc.
Isto está imparável, minha amiga
Não compreendo, nem aceito a toxico-dependência.
A droga é um grande negócio, e a batalha contra este flagelo estará perdida enquanto houverem paraísos fiscais, offshores e laxismo ou incapacidade para apanhar os grandes traficantes. Quanto grandes traficantes estão nas nossas cadeias?
Bfds
Cumps
lidia
o consumo da droga esta a aumentar nas classes alta tambem e muito, porque os que ja consumiam a mais tempo uns curaram-se outros morreram.
quanto ao aumento do hiv, nao é so nos consumidores que aumentou entao e os maridinhos que resovem dar uma fugidinha? esta a aumentar ai e de que maneira.
quanto as salas de chuto sou a favor sim....
pois evitava muita coisa, novas infeçoes, menos mortes e material novo e estrelizado e ate assistencia a quem consome.
gasta-se tanto dinheiro neste pais mal gasto porque não fazer salas de chuto.
mas como o negocio da droga dá muito dinheiro , e enquanto houver grandes a ganhar com isso tambem ,eles estao-se maribando para os outras pessoas.
beijo
Parece-me que o mundo teria de dar uma volta de 360º, e que o dinheiro teria que deixar de existir para se acabar coim a droga. Como isso não vai acontecer, e havendo tanta gente "grande" no negócio, quem vai conseguir alguma coisa contra o consumo de droga?
Um abraço, bom fim de semana, e tudo de bom
Não há maior cego do que aquele que não quer ver. É uma praga do século que enche bolsos de gente sem escrúpulos, que com o poder do dinheiro compram muitas consciências. É mais fácil enterrar a cabeça na areia, dizer que está tudo controlado, e prender uns quantos "agarrados" por umas gramitas de produto do que enfiar na grlha os tubarões que dominam o tráfico em grande escala.
Abraço do Zé
Minha querida , para ti e para quem amas fe.liz semana.
Abraços.
Chutos e pontapés
nesta sociedade
de mercados escondidos
Uma forma de tapar o sol com a peneira,enquanto existir grandes "patentes" por detrás do mundo (negócio)da droga,os grandes senhors ocultos na sombra dos que dao a cara nas ruas, será continuamente um dos grandes flagelos do nosso século.
Bjs Zita
Enquanto os barões da droga não forem engaiolados, este flagelo continuará a dizimar a nossa sociedade!
...e não os engaiolam, por alguma razão...porque não é com a caça ao peixe miudo, que se acaba com o consumo da droga, salas de chuto, degradação das familias, enfim, não se chegará nunca ao âmago da questão...
e isso se calhar interessa a muitos...sei lá...
abraço
Sinto-me mais aliviado.Retirei alguns textos de peditórios associativos. Um dia conto o que vi numa visita inusitada a uma associação. Num sábado. Já vais há algum tempo, para aí há três anos.Ninguém contava connosco e a empregada recebeu-nos, pois já tinha ouvido falar em mim. E mostrou-nos aquilo tudo!O que vi na cave: aqueles jovens, os mais isolados e esquecidos. Afinal eles são todos muito bons mas é de aparência. O que vi, eu, a minha mulher e o meu filho foi horrível! Não posso divulgar nada que diga respeito áquela "associação"!!
Por isso apaguei as postagens mais recentes onde estavam mencionados...
E deixo-te aqui este poema do nosso PESSOA:
Quer pouco, terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
-------------
Nunca a alheia vontade, inda que grata,
Cumpras por própria. Manda no que fazes,
Nem de ti mesmo servo.
Niguém te dá quem és. Nada te mude.
Teu íntimo destino involuntário
Cumpre alto. Sê teu filho.
-------------
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
-------------
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Fernando Pessoa
Não posso pactuar com o que vejo. Seja nos comissários políticos, deste ou daquele partido, seja das camaras, seja dos clubes, seja das instituições policiais ou militares. Estou cheio. É preciso mudar de ares.É preciso denunciar, mesmo que constantemente receba e-mails controladores.
Sala de chuto com eles!Mas um chuto BEM GRANDE!!!
Saudações!
Olá,
O consumo de cocaína e de anfetaminas está a aumentar na Europa.
A droga com o seu tráfico, a sua criminalidade e o perverso desvio calculado de menores para o consumo é o ponto fraco de toda a justiça portuguesa e revela uma incapacidade da PGR, PJ, TIC, etc., no mínimo, igual à das congéneres estrangeiras, sejam europeias ou de outros continentes. A droga sustenta também muito terrorismo e guerras nos mais diversos países.
Bjs
LIDIA:
As declarações desse senhor são mais uma prova da política de disfarce da realidade, vigente especialmente no mandato deste governo.
O flagelo social da droga só pode ser combatido com a verdade, nunca com o esconder da realidade.
Um abraço e uma boa semana.
JOrge P.G.
Olá querida Lídia, infelismente a São tem razão... É um negócio que gere milhões... Uma verdadeira tristeza Amiga!
Beijinhos de carinho e ternura,
Fernandinha
Lídia,
Acho que nestes comentários já tudo foi dito. Resta-me esperar ver um dia, tal como um banqueiro, um tubarão traficante com as costas na cadeia.Chegará esse dia ou vamos ficar só pelas apreensões "record".
Salas de chuto - só o termo chuto já diz alguma coisa da seriedade da medida. Nível zero.
No mais e sem querer abusar subscrevo o comentário do Compadre Alentejano.
Um abraço
não é só flagelo é a degradação da vida... não entendendo como especialista a matéria vou entendendo que o "negócio" é mais rentável do que uma boa OPA...
abraço
TERESA DURÃES
MÁRIO RELVAS
COMPADRE ALENTEJANO
ZÉ DO CÃO
PETER
GUARDIÃO
SIDNEY
ELVIRA CARVALHO
ZÉ POVINHO
SÃO
MAR ARÁVEL
ENTRE «ASPAS»
FOTÓGRAFA
TONY MADUREIRA
JORGE P.G.
FERNANDA
MEG
Obrigada a todos pela visita e pelos comentários que muito contribuem para a troca de opiniões sobre matéria tão sensível como a toxicodependência.
Particularmente sinto a situação do narcotráfico como algo de muito terrível e revoltante. Tenho uma prima em 1º.grau, que,com 44anos, está com uma cirrose provocada por um passado de drogas que a tem destruido. Tem sido um sofrimento enorme para todos nós este percurso. No entanto a minha prima, que sempre foi amada e apoiada pelos pais e pela restante família e que teve sempre um ambiente familiar afectivo e tranquilo, começou a drogar-se com 12 anos. A droga era vendida num bom colégio que ela frequentava. Não perdoo a quem fez isto. Ela era praticamente uma criança e os responsáveis continuam impunes e a actuar à luz do dia.
E enquanto este estado de coisas se mantiver não acredito que se esteja a combater a toxicodependência e muito menos que os paliativos a resolvam.
Abraço
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