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DEFICIENTES COM IRS MAIS AGRAVADO


Os impostos sobre os salários e rendimentos dos contribuintes solteiros ou casados vão aumentar em 2008. Mas pior estão os contribuintes deficientes de mais baixos rendimentos: passam a pagar o dobro dos impostos, de acordo com um estudo efectuado pela consultora BDO, com base no Orçamento de Estado para 2008. O Governo mostra alguma "ternura fiscal" apenas no caso de casais com filhos com menos de três anos de idade. Comecemos por retirar uma radiografia ao perfil fiscal do contribuinte deficiente, solteiro com deficiência superior a 60%. O Governo concedeu um aumento da dedução à colecta de três para 3,5 salários mínimos. Isto, só por si, permitiria uma baixa de imposto. Só que os rendimentos dos deficientes, auferidos em 2008, passam a ser considerados em sede de IRS em 90% do total e não em 80%, como sucede actualmente. As Finanças dão com uma mão, mas tiram com a outra.Outra imposição para estes contribuintes: a parte excluída da tributação não pode exceder os 2500 euros, contra os actuais cinco mil euros. Será sobre os 90% do rendimento que incidirá o novo limite da dedução à colecta. Resultado, tal como a simulação da consultora BDO demonstra o contribuinte deficiente de baixos rendimentos, com um rendimento colectável em 2008 (o salário subtraído das deduções específicas e abatimentos) de 14 700 euros, arrisca-se em 2009 - no encontro de contas com o fisco - a pagar mais 181,91 euros de IRS do que no ano fiscal de 2007. Um aumento de 108,23%. As pessoas deficientes com rendimento colectável de 20 mil euros pagam de IRS 2,9 mil euros, mais 725,7 euros, um aumento de 33,4%.Mesmo que maximize toda a poupança fiscal, os solteiros acabam também por pagar mais imposto. E a causa pode estar onde o contribuinte menos espera: no Plano Poupança de Reforma (PPR). É que o Governo actualizou as deduções à colecta entre os 2,1% e 3,3%, à excepção do plano de poupança para a velhice [o estudo da BDO assume que todas as deduções à colecta indexadas ao Salário Mínimo Nacional (SMN) sejam aumentadas em 2,1%]. Assim, um solteirão cujo salário foi aumentado em 2,1% e possua um rendimento colectável de 16 mil euros anuais acaba por liquidar de IRS mais 42,81 euros, um acréscimo de 2,6% em relação a 2007. Quem tenha um rendimento colectável de 25 mil euros, então vai pagar mais 104,71 euros.O imposto a pagar será tanto mais quanto maior for o rendimento colectável. Por exemplo, o contribuinte que obtenha um rendimento colectável de 25 mil euros passa a liquidar mais 104,71 euros de IRS.Os contribuintes casados, sem filhos, vão igualmente pagar mais imposto. Um casal em que ambos os cônjuges tenham um rendimento colectável em 2008 de 25,5 mil euros (um aumento salarial de 2,1%) pagam de imposto quase 2,7 mil euros. Um aumento de 2,4% no imposto, correspondente a 63 euros. Mesmo a classe média é atingida. Um casal, nas mesma condições de deduções, e que ganhe 38,8 mil euros anuais paga mais 135,7 euros, a título de IRS. E, se os aumentos salariais forem superiores a 2,1%, então o fisco reclama ainda mais dinheiro.Fora do lápis vermelho estão os cônjuges com menos de 35 anos e que tenham um filho com menos de três anos. Um rendimento colectável de 25 500 euros em 2008, acaba por liquidar 2,36 mil euros em IRS, menos 105 euros em relação a 2007, uma descida de 4,25%. Isto sucede porque o Governo vai permitir duplicar a dedução à colecta para os casais com filhos pequenos.

FONTE: DN 14-10-2004

20 comentários:

antonio ganhão disse...

Mas o défice está controlado e isso é muito bom! Ainda não percebi muito bem porquê... mas eu até gosto de um défice pequeno, agora, não podiam ser outros a pagá-lo para variar?

Qual o enquadramento fiscal do perdão da divida bancária do filho do Jardim Gonçalves?

7 disse...

Disseste tudo como sempre. Acrescento, quem são os verdadeiros deficientes? Beijos.

António de Almeida disse...

-2 questões na abordagem. Retirar benefícios a deficientes, e tributar reformados com pensões anuais inferiores a 6 mil Euros são escolhas políticas, com as quais não concordo, como não concordo também com a política económica do governo. Acho injusto, e socialmente inaceitável. Em relação ao orçamento de estado, não concordo com o documento na integra, porque não me revejo na organização do estado. Ouvi uma única frase em todo o congresso do PSD este fim de semana, pertenceu a Aguiar Branco que afirmou, "não defendo menos estado, melhor estado, e sim estado apenas onde fôr indispensável". Subscrevo a frase! Sendo assim, todos os orçamentos são despesistas, excessivos do ponto de vista fiscal. Em relação ao défice, seria bom se ele estivesse realmente nos 3%, sem truques de maquilhagem, o que duvido, mas por ora não sei mais.

Tiago R Cardoso disse...

Eu digo já, não acredito em orçamentos de estado, não são realizáveis, acabam sempre em défice.

Depois tratou-se de uma grande jogada a sua entrega antes do congresso do PSD, foi-lhe dada relativa importância, dada a muito maior importância que é a reunião laranja.

Estamos perante um orçamento de estado de aperto, onde se vai tentar espremer o máximo, para a todo o custo se arranjar folga para um orçamento eleitoralista de 2009, ai é que vai ser uma festa.

Em relação aos deficientes, tem se vindo a notar um ataque aos desfavorecidos, numa politica de levar tudo à frente, dificultando ainda mais a luta por um lugar ao sol, apesar de todas as limitações.

Preocupe-se o governo em evitar entupidos desperdícios e se calhar não iria tentar arranjar verbas onde não devia.

Dalaila disse...

só nós é que ligamos tanto ao défice...!!!!

SILÊNCIO CULPADO disse...

Tiago
Falas(escreves) que nem um livro aberto. É exactamente assim que vejo e sinto. Podes candidatar-te a PR ou a formar partido que eu voto em ti e ofereço-me também para ajudar na campanha.

M.MENDES disse...

Um bom texto que desmistifica a propaganda demagógica que nos querem fazer engolir.

C Valente disse...

para este governo, onde o presidente do banco de pPortugal ganha mais que o do banco dos EUA
um reformado receber mais de 630 euros tem de descontar mais, os idosos, doentes, digamos os fracos (sem ofença) é que pagam os luxos dos poderosos
saudações amigas

quintarantino disse...

Por partes. Por partes, por favor.
O défice está controlado para este ano dentro/abaixo das previsões. É óptimo.
A contenção do défice foi feita sobretudo com recurso a impostos indirectos, directos e agravamento de taxas. É péssimo. O esforço está a incidir especialmente sobre os sectores/classe sociais mais sacrificadas e débeis.

O Orçamento de Estado não traz novidades de fundo ou sequer de vulto. Hà umas medidas pontuais que podem ser relativamente agradáveis, mas não se compreendem certas opções. A dedução à colecta para pessoas com filhos até aos 3 anos de idade é uma delas.

O Orçamento de Estado, por exemplo, encarrega-se de desmentir o secretário de Estado João Figueiredo que andou a impor à Função Pública medidas draconianas (e, nalguns casos, potenciadoras de saneamentos como bem denunciou Medina Carreira) a troco de prémios e incentivos que reconhecessem os melhores (e há-os na Função Pública). Pois bem, a verba orçamentada fica abaixo das intenções. Mas a verba orçamentada para consultadoria fica acima dos 60% de aumento!

O Estado não se deve circunscrever ao indispensável de Aguiar Branco (esse o que quer é os tais 60% de aumento), deve é ser eficiente na aplicação dos recursos.

Sol da meia noite disse...

Apenas uma coisa... será que quem decide situações tem conhecimento do que expões neste texto?... É que devia ter.
*

joshua disse...

É de difícil entendimento o avanço para uma medida de este tipo: se há grupos para mim intocáveis em matéria de direitos e de insenções, é o dos portadores de deficiência. A sensação que se tem é que os verdadeiros intocáveis são os predadores da economia Portuguesa, os grandes vampiros de quem mais trabalha e de quem mais sofre. Não será dar-se o facto de que extinta uma classe média forte se extingue ou domestica uma faixa de população com acentuado sentido crítico?

Nem sei o que pensar!

carlos filipe disse...

E chama-se a isto socialismo.

Menina do Rio disse...

Isso lembra Brasil, rs...

Amanhã 16/10 o blog Momentos de Vida completará um ano e como está em faze de encerramento, quero fachar em grande estilo; conto com tua presença!

sveronica

Recanto da Alma

Cöllybry disse...

Os que teem menos é que pagam mais...pergunto-me muitas vezes como viveram...

Doce beijo

ARTUR MATEUS disse...

Continuem a votar neles que para a frente é que é caminho. Miséria não vai faltar ao miserável.

C.Coelho disse...

É claro como a água que os mais prejudicados são os que menos têm. Mas entre os mais prejudicados o caso dos deficientes é de bradar aos céus.

avelaneiraflorida disse...

Eu que adoro o QUADRO verdadeiro...de repente fiquei com o estômago às voltas!!!!

Bjks

G.BRITO disse...

Eu também fiquei com o estômago às voltas porque esses dois meninos são do piorzinho que calhou aos portugueses.

E reponho aqui uma pergunta do comentador António: qual o enquadramento fiscal do perdão da dívida bancária do filho de Jardim Gonçalves?

AJB - martelo disse...

quem deve ter alguma deficiência irreparável devem ser "eles"...

Elisio Abrantes disse...

Refiro me ao orçamento de Estado e ao corte de beneficios fiscais aos reformados,e aos feficientes,sinto me muito triste por ser portugues,trabalhamos ao longo da vida,sugam-nos os impostos de tudo ,o carro a casa o trabalho etc etc,quando temos uma fatalidade na vida,e ficamos sem algum membro,ou outras equivalentes,temos custos que os politicos nao fazem a minima ideia,as proteses as meias de selicone,as cadeiras de rodas ,o apoio que temos que pedir a segunda pessoa,enfim tanta coisa que sinceramente apetece dizer onde esta o bem social digno que todos nós com estes graves problemas se encontra?será que estas pessoas com um rendimento de 6.000ers por mes,por vezes com familia para sustentar ,resta alguma duvida das dificuldades que as mesmas têm???e porque nao vao buscar antes estas contribuiçoes a quem ganha ,nao6.ooo ers ano,e sim a quem ganha 60.000 eurs???será que é justo o que nos estao a fazer???nao duvida,e eu quero dizer tudo isto tal como tenho lido e acompanhado todo este ruido a volta do deficiente e reformas,existe defacto mais de 7 pecados que os politicos um dia vao pagar.....convido ao autor desta ideia a viver com 6.000ers e ter uma casa cheia de familia para sustentar..... elisio.