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O FIM DE UM CICLO


Num mundo de mudanças rápidas e imprevisíveis assiste-se, com alguma perplexidade, ao ruir das muralhas em que se escudava esse capitalismo global, assente no mercado e na sua liberdade total, e na doutrina económica que atribuía à sua mão visível uma auto-regulação que se provou utópica.

Cresceram as desigualdades e com elas as tensões sociais. Aumentou o desemprego e a insegurança passou a fazer parte do dia a dia do mundo civilizado.

O sonho americano parece ter chegado ao fim e ser longa a travessia do deserto para a saída da crise. Uma crise que se repercute na Europa dos 27 onde a Irlanda, (um País que encabeçava a 10ª. posição na lista dos mais desenvolvidos PNUD -Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) acaba por ser o primeiro país da Zona Euro a entrar em recessão técnica com o PIB a cair pelo 2º.trimestre consecutivo.


Estas notícias inquietantes associadas à turbulência dos mercados financeiros e suas instituições, encontram eco numa América empobrecida e desvitalizada.



Uma reportagem da BBC em Santa Bárbara, na Califórnia, dá-nos conta como milhares de americanos vivem, actualmente, uma situação de pesadelo em que a crise das hipotecas os forçou a abandonar as suas casas para morarem nos seus próprios carros atulhados do pouco que conseguiram salvar.



E assim pernoitam, em condições precárias, em parques improvisados bem perto das suas antigas casas, de milhões de dólares, situadas entre as montanhas de Santa Yñez e o Pacífico e que agora estão vazias.



Sem tecto há já mais de um ano, estes novos sem abrigo provenientes duma classe média até então bem suportada, são uma consequência directa do colapso do mercado imobiliário norte-americano. É que os preços de casas na Califórnia caíram 30% só desde o início do ano até Maio com as inevitáveis consequências sobre os mercados que lhe estão associados.



Este exemplo ilustrativo dum ciclo que termina e que estava apodrecido, poderá servir de reflexão a todos aqueles que pensam que batemos no fundo no que se refere à degradação das condições de vida dos mais pobres e da dita classe média.



Um ano decorrido sobre o início da crise do subprime, as perspectivas continuam a não ser animadoras e os últimos indicadores apontam para a probabilidade dos países da Zona Euro bem como o Reino Unido virem a estar, tal como os EUA e o Japão, em situação de recessão nos próximos meses.



A confirmar-se o cenário traçado pelo Banco norte-americano Goldman Sachs de que mais de metade da economia mundial enfrenta risco de recessão, o futuro não se nos apresenta muito promissor.



Por isso, e apesar de, no caso português, a solidez da banca e a sua quase imunidade aos riscos de falência não fazerem prever a necessidade de injectar dinheiro e ajudar o sector, parece fazer cada vez mais sentido as advertências dos que consideram que o Governo deve suspender os grandes investimentos anunciados para o TGV e o novo aeroporto de Alcochete fazendo uma reavaliação realista à luz da crise financeira actual.



Crise que envolve, não só a necessidade de racionalizar os recursos do investimento, como a previsibilidade dos mercados não absorverem uma maior oferta de mobilidade em consequência da tendência de retracção dos orçamentos familiares.


68 comentários:

José Lopes disse...

Ainda há quem pense que a crise vai passar e que tudo vai ser melhor no futuro, mas como se ainda não vi culpados da situação actual e em breve serão os mesmos (os grandes accionistas) a mandar nas grandes empresas que estão a ser salvas com os dinheiros dos contribuintes?
Baralhar e tornar a dar é alguma solução credível?
Cumps

mfc disse...

Há um livro do Garcia Marquez que podia muito bem ser título deste teu post... "Crónica de uma Morte Anunciada"!

AJB - martelo disse...

o capitalismo encontrará sempre saídas para a sua especulação habitual... apenas, uma realidade evidente - com maior repressão... noutro futuro surgirá certamente uma outra arrumação económica e social, à custa de custos humanos elevados.

beijos
http://caixadepregos.wordpress.com/

. intemporal . disse...

Lídia

Gostei imenso deste post, ilucidativo, realista, que sugere até a introspecção por forma a ponderar os investimentos anunciados, viabilizando a sustentabilidade da economia.

Deixo-lhe um abraço apertado

e

Um beijinho de saudade...

Voz do meu Coração disse...

Lidia, gostei muito da maneira como aborda este problema da economia, confesso que pouco compreendo da economia mundial, mas onde é que nós iremos parar?
Obrigada pela sua visita ao meu blog e por favor volte sempre.
bjs
visite também meus blogs de poemas
e me diga o que pensa, obrigada
http://coimbra.romandie.com
http://molelos.romandie.com

Lúcia Laborda disse...

É linda! Parece um pesadelo, mas é muito real. Pior que essa crise tem uma reação em cadeia e sai devastando a economia do mundo...
Belo post!
Bom fim de semana! Beijos

Peter disse...

Já abordei o assunto que continua a preocupar-me. Penso que será de acautelar e não avançar com os vultuosos empreendimentos previstos.Talvez seja de manter apenas a construcção do novo aeroporto e já não é pouco...

Pata Negra disse...

Como sempre, a lucidez das palavras. Por cá, já estamos habituados a viver em crise, talvez não estejamos preparados é para o abismo para onde a corja xuxalista nos conduz.
Um abraço com a casa hipotecada

Hermínia Nadais disse...

Olá amiga!
Gosto de meditar na experiência de quem sabe. Postagem muito boa. Obrigada pela visita ao meu blog. Obrigada por mais esta partilha.
Se os nossos governantes sentissem na pele tudo quanto estão a sofrer a maior parte dos portugueses... deixavam de sonhar com comboios velozes e aviações desmedidas que, bem no fundo, só vão beneficiar meia dúzia dos que não têm dificuldades nenhumas.
Beijo

Késia Maximiano disse...

E q bom q temos os novos ciclos...

Abrenúncio disse...

São efectivamente sinais evidentes de que o capitalismo não é solução credível para a humanidade. No entanto, apesar das crises que se vão manifestando, infelizmente não creio que seja a falência completa do sistema.
Os Estados Unidos passaram pela Grande Recessão no século passado e apesar disso, não deixaram de continuar a trilhar o mesmo caminho de uma forma ainda mais fortalecida.
Actualmente é previsível que o Estado americano promova todas as formas para salvaguardar o estilo de vida que tanto adoram, seja através de injecção massiva de capitais, seja atravéd de outras formas, quiçá, mais radicais.
O que é facto é que a instabilidade irá obviamente, neste mundo globalmente liberalizado, causar mossa por todo o lado.
Creio também, que seria nestes momentos de demonstração de fraqueza do modelo capitalista, que era necessário um forcing de forma a, pelo menos, consciencializar as massas para as alternativas mais solidárias.
Saudações do Marreta.

O Profeta disse...

O fim de uma era de manto cinza escuro...


Doce beijo minha amiga

António de Almeida disse...

-Há ainda muita informação e contra informação a circular, também não poderemos esquecer que vivemos um periodo pré-eleitoral nos EUA, as notícias de fim de ciclo e morte do capitalismo, são um manifesto exagero. Mas veremos, a Europa também está infestada de produtos tóxicos, e ainda veremos ruir algumas instituições, aliás as falências servem precisamente para o mercado expulsar os maus players, e os depósitos estão segurados em grande parte por fundos. Muitos falam do subprime, sem saberem o que é, o subprime foi aquilo que possibilitou os bancos emprestarem dinheiro a pessoas de baixos rendimentos para terem a sua casa, o seu carro, pessoas que se tivessem de esperar conseguir juntar dinheiro (poupança) para comprar por exemplo o seu carro, andariam a pé. Mas depois existe a quantificação (oferta, quando não pressão para conceder crédito), é muito dificil de explicar num post, quanto mais num comentário, nesta história não há inocentes, somos todos culpados, e não apenas uma meia dúzia lá em Wall Street.

C Valente disse...

Vou esquecer a crise e vou de fim de semana
Saudações amigas

SILÊNCIO CULPADO disse...

Guardião
Baralhar e tornar a dar não só não é uma solução credível como não resolverá os problemas que se avolumam.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

MFC
Pois é uam morte anunciada mas há anúncios que não são feitos para outros sectores que serão inevitavelmente atingidos.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Martelo
Obrigada pela visita e por me deixares o teu novo endereço.
É que não dispenso a tua companhia.
Também concordo com o que disseste.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Paulo
Obrigada pela visita e pelo incentivo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Voz do Meu Coração

Aonde iremos parar? É uma boa pergunta.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Olhos de Mel

Pois é dessa reacção em cadeia que eu tenho medo. É que nunca se sabe onde a cadeia termina nem os elos que envolve.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter
Concordo que seja de acautelar e não avançar com os vultuosos empreendimentos previstos. Porém a construção do novo aeroporto porquê? Conheço aeroportos muito mais congestionados por essa Europa fora. E depois se os combustíveis aumentam e se os cidadãos passam a viajar menos, por perda de poder de compra, para quê o aeroporto?
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pata Negra

Podemos estar habituados a viver em crise mas talvez não tenhamos ainda uma noção clara do que possa ser a dimensão da crise.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Hermínia Nadais

"Se os nossos governantes sentissem na pele tudo quanto estão a sofrer a maior parte dos portugueses... deixavam de sonhar com comboios velozes e aviações desmedidas que, bem no fundo, só vão beneficiar meia dúzia dos que não têm dificuldades nenhumas."

Ora também é isso que eu penso. O TGV ainda faria sentido para escoamento de mercadorias das nossas indústrias se houvesse mercados europeus a ganhar. Porém as nossas indústrias não conseguem competir com os mercados saturados do coração da Europa e também já foi decidido que o TGV não serviria as mercadorias por obrigar a infra-estruturas muito mais onerosas. Estamos a brincar a quê com o bolso dos contribuintes?

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Késia Maximiano

Se não houvesse novos ciclos não haveria esperança e sem esperança mais vale Deus Nosso Senhor levar-nos logo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Marreta
Tem que surgir uma realidade diferente a tal realidade mais solidária sem a qual o homem não sobrevive.
E é disto que se trata.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Profeta
Obrigada amigo pela tua presença.
É sempre com um manto de cinza escuro que tudo termina. Pena que nem todos tenham ainda compreendido isso.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida
Concordo com a parte do seu comentário que refere os malefícios dos créditos para obter uma massificação de consumos ilusória e traiçoeira.
Esse é um mal mas há mais. A seguir transcrevo um artigo do jornalista Vasco Lopes que subscrevo por inteiro:

"A propósito do chumbo do Plano Paulson pelo Senado, Francisco Louçã considerou que todos os acontecimentos dos últimos dias nos EUA são uma espécie de queda do «Muro de Berlim do capitalismo». OK, percebo onde é que Louçã quer chegar e concordo que o capitalismo não é um sistema minimamente perfeito (sobretudo, porque assenta em demasia nas imperfeições do próprio ser humano, animal demasiado sujeito a doenças como a ambição pessoal, a ganância e a cegueira autista de quem se julga no topo do Mundo).
O problema é que os críticos do capitalismo limitam-se a apresentar, isso sim, largas críticas ao mesmo, mas nunca soluções concretas e exequíveis. Deixam no ar as eternas e esfalfadas «bocas» ao capitalismo (que, recorde-se, existe sob as mais diversas formas), mas não admitem que uma das soluções (se calhar, a única) seria uma economia de tipo planificado, mais ou menos parecida com aquela que existia do lado de lá da «Cortina de Ferro» (e que falhou redondamente, por nunca ter em linha de conta as aspirações, desejos e sonhos desse bicho chamado ser humano). O ser humano não está pronto para alternativas ao capitalismo.
Contudo, tal como em grandes crises anteriores (e, neste particular, a de 1929 é um excelente exemplo), ficou bem claro que o Estado não se pode afastar do seu papel regulador da economia. Os agentes de mercado, por si, não são capazes de tomar conta da economia, simplesmente porque encerram em si uma voracidade autofágica e cega. Do mesmo modo que a única forma de fazer com que as estradas não se trasformem em palcos de anarquia e morte é a existência de um código da estrada (e a garantia do seu cumprimento), também a economia e os mercados (e, já agora, a sociedade) necessitam de um policiamento constante e «férreo». O ser humano não está pronto para o neoliberalismo.

Vasco Lopes vascolopes.nm@gmail.com "

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

C.Valente

Realmente para combater a crise nada melhor que um bom fim de semana.

Abraço

sideny disse...

lidia
virei ca novamente com mais calma.
por agora e so para desejar bom fim de semana .
e deixar-lhe um beijinho.

Odele Souza disse...

Esta crise que está a abalar os Estados Unidos, abala também os ânimos das pessoas em outros países.
Esperemos que tudo se resolva da melhor forma possível.
E a situaçao que aqui relatas sobre os americanos que tiveram que abandonar suas casas para morar em seus carros, é mesmo muito triste.

Abraço.

Å®t Øf £övë disse...

Lídia,
A mim também me parece que é hora de assentarmos os pés no chão, e de pressionarmos o governo a pôr travão a todos esses projecto meganómalos.
Bjo.

peciscas disse...

É terrível pensar que as consequências da crise ainda não estão todas aí e que o pior pode ainda acontecer.
Mas com tudo isto, será que os responsáveis aprendem a lição e mudam de caminho ?
Já não creio muito.
Acredito mais que serão as novas gerações que estã a emergir, a criarem soluções que sejam mesmo "novas" e não a repetição de velhas e bolorentas receitas que, provadamente, estão em falência total.

Alexandre disse...

O que mais me assusta é a velocidade dos acontecimentos... amanhã poderemos acordar com um mundo diferente...

Bom fim-de-semana!!!

Zé do Cão disse...

Silencio
Li uma das tuas respostas em que perguntas.
Onde iremos parar.?
Eu julgo que sei a resposta.

AO SITIO DE ONDE NUNCA SAIMOS. Porca de vida, país miserável, onde impera a inveja, a sacanagem, a vaidade sem limites,a incompetência, a começar no governo.
Beijocas

Carlos Sério disse...

Com a “globalização” retiram-se recursos da área dos investimentos produtivos transferindo-os para a especulação financeira.
Esta tendência atinge directamente o coração da legitimidade do sistema capitalista.
O que é novo, é que com a expansão dos sistemas de especulação financeira, segundo a Unctad, a crescente concentração da riqueza nacional nas mãos de poucos não tem sido acompanhada por uma elevação de investimentos e crescimento mais rápido.
As trocas especulativas diárias são da ordem de 1,5 triliões de dólares por dia, enquanto as trocas de bens e serviços realmente existentes mal atingem os 25 biliões, algo como 60 vezes menos.
Nesta lógica, o que constitui não uma excepção mas uma regular tendência das últimas décadas, assiste-se aos lucros crescentes de um lado, e a investimentos, salários e emprego decrescentes do outro, o que simplesmente torna este sistema neoliberal insustentável. A “crise financeira” actual é, afinal, o pronuncio do descalabro do capitalismo imperialista, do neoliberalismo.
Abraço,
ruy

JOY disse...

Olá Lidia

Mais uma vez terá de ser a classe média já de si subcarregada a suportar a ganância e a irresponsabilidade dos gestores económicos. Até quando ?

Abraço Forte
Joy

Só- Poesias e outros itens disse...

Um pouco atrasada para o meu comentário, mas estou aqui para dizer que simplesmente adorei o seu post.

Uma realidade deprimente onde as especulações dominam o planeta.

bjs.

JU Gioli

tagarelas disse...

Muito bom este artigo.Muito realista.
Eu assisto com algum prazer sadico/massoquista 'a queda do "sonho americano". A loucura economicista em que todos nos deixamos envolver. O meu lado optimista, e' que acordemos a tempo e percebamos que nao podemos continuar a viver nesta "economia virtual" do credito. E que qualidade de vida nao se traduz na quantidade de bems materias que "hipoteticamente possuimos" e que na realiade pertencem a' identidade financeira que nos concedeu o credito.

Fátima disse...

ola amiga,
Também tenho saudades...
Acontecerem-me vários recalços...doente...acompanhamento
dos pais agora está tudo mais calmo...
vou voltar

:-) beijo obrigada pela amizade

Tony Madureira disse...

Olá,

Aqui está um post muito interessante.

Nunca acreditei nestes Americanos. Julgam-se o donos do Mundo, mas entretanto deixam muito a desejar…
Nos Estados Unidos existe muita desigualdade e consequentemente tensões sociais.

Parece haver sinais de mudança. Vamos aguardar…



Beijos

lua prateada disse...

Passando ,deixando um beijinho com carinho
SOL

Teresa Durães disse...

A crise ainda ficará instalada durante algum tempo :( a ganância...

António de Almeida disse...

-Lídia, respondeu-me com um texto onde se afirma que uma solução poderia ser uma economia planificada, mas com respeito pelas aspirações individuais (aqui tenho sérias dúvidas, parece-me uma ambiguidade). A China procura atingir tal desiderato, o chamado capitalismo de estado, anualmente tem retirado milhões da pobreza, não era dificil se compreendermos o ponto de partida, mas julgo que estão muito longe de conseguir chegar a parte alguma, e os direitos Humanos é bom nem falar. Continuo a prefirir o liberalismo de Hayek e Mises, mas concedo que não existem soluções perfeitas, nem milagres.

Anónimo disse...

Olá Lídia,

em primeiro lugar, e porque no meu blog te referiste a um mau momento, expresso-te aqui a minha solidariedade.

Esta crise era mais que previsível. Venham cá dizer que não... O constante aumento da dívida externa dos países ocidentais fazia prever um colapso, mais tarde ou mais cedo.A dívida interna -endividamento familiar/empresarial- em forma de roleta russa tinha que estourar. Créditos por todo o lado. Créditos seguintes para tentar amenizar os antigos, agora em situação de insolvência -mal parado- por desemprego de muitos dos contraentes devedores.

O lucro fácil dos bancos. Agora também em situação de risco e endividados. As companhias de seguros que prometiam tudo a preços maravilhosos. A crise dos pagamentos dos prémios. As off-shores, para onde vão em ritmo alucinante alguns dos lucros de empresas e não só, em nomes sadios e bem-dispostos, que depois aparecem falidos ou em mau estado financeiro.

Penso que este não será o fim do ciclo, mas que alterará a visão que os cidadãos têm do sector privado levando-os a acultelarem-se e a pensarem no endividamento e que nada aparece por magia. Tudo se paga.Soluções credíveis? Não as tenho! Mas venham Entidades Reguladoras totalmente independentes para começar!!
Considero de bom senso suspender as obras megalómanas -nesta altura mais que nunca-. Peneirar o essencial do acessório. Restringir o crédito -tardiamente- a quem não tenha situação de risco aconselhável. Tentar a cobrança máxima dos impostos mal parados. Atacar a contrafacção. A droga e os meios ilegais de sobrevivência. As baixas fraudulentas.Os empregos não legais e sem descontos para a segurança social. Impor medidas rigorosas na segurança interna. Leis que façam repensar o crime, que aumentará, forçosamente. Controle imigratório. Impor medidas restritivas aos produtos orientais. Criar medidas de excepção fiscal, ou outros incentivos, ao que é fabricado em Portugal. Previligiar a pesca e a agricultura portuguesa. Acabar com as medidas de excepção fiscal aos chineses em Portugal. Impor medidas restritivas aos salários de gestores, jogadores de futebol, etc... Separar os médicos do sector privado dos que exercem no Serviço Nacional de Saúde. Rever contratos, um-a-um com o sector privado na área da saúde. Fiscalizar a administração pública. Ver quem trabalha ou faz número. Falar menos e trabalhar mais... é um pouco da minha sugestão! -Muito há a dizer mais- mas eu escrevo no momento! E sem querer entrar num debate morno e pouco produtivo, aqui andamos nós,na Assembleia da República, nas televisões, na rua, nos blogs, a discutir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Sem dinheiro, sem recursos, sem Pátria, sem povo, não há casamentos, nem heteros, nem gays!

Que saudades tenho de quando nós tinhamos uma fronteira. E dos escudos portugueses. Em 1990, numa reunião num hotel no Vimeiro, em tons futuristas, eu abordei o tema CEE de forma apreensiva. Infelizmente, detesto vir a ter razão, mas detesto muito mais quando ninguém tem dúvidas, mesmo que os portugueses sejam prejudicados com projectos que nunca podem dar certos na forma como se conduzem. A UE é um fracasso, sem fim à vista. Fracasso político e sócio-económico! O modelo americano está mal, mas tem pernas para reerguer-se. As guerras intermináveis custam os olhos da cara aos EUA. Terão que rever a sua situação externa. O petróleo está a dar cabo da economia americana, mas os americanos têm petróleo, por explorar. Que o petróleo está a minar a economia europeia, e a Europa só tem algum petróleo no norte. É do gás natural da Rússia que a Europa mais precisa. Basta fecharem a torneira. A Europa parece não ter um caminho...

abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sidney

Obrigada pela visita, amiga.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Odele Souza
É uma crise preocupante que tem efeitos dominó e cujas consequências não se podem de todo prever nem evitar. Esperemos que haja amortecedores suficientes para os efeitos preversos da neo-liberalização.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Å®t Øf £övë
Com o cenário que a cada dia que passa fica mais preocupante será que precisamos dum TGV e dum aeroporto de alternativa ao da Portela?
Com o preço do petróleo e menos poder de compra será que há mais cidadãos a viajar?

SILÊNCIO CULPADO disse...

Å®t Øf £övë

Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Peciscas
Nós vamos ter que mudar e muito rapidamente. As circunstâncias assim o exigem. A turbulência dos mercados e o clima de instabilidade e de desconfiança impõem medidas rápidas sejam elas de que natureza forem.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Alexandre
Amanhã podemos acordar com um mundo diferente mas espero que, se tal acontecer, seja o início dum novo ciclo mais promissor que o que deixamos.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Zé do Cão

É verdade, amigo, nunca saímos da cepa torta e estamos longe de nos afirmarmos.

Abraço

Dalaila disse...

todos os inicios de século são assim!

Rafeiro Perfumado disse...

Olha a nossa "sorte" de estarmos a viver um momento "histórico"...

SILÊNCIO CULPADO disse...

RUY
Segundo a minha óptica puseste o dedo na ferida.
Ressalto: «assiste-se aos lucros crescentes de um lado, e a investimentos, salários e emprego decrescentes do outro, o que simplesmente torna este sistema neoliberal insustentável. A “crise financeira” actual é, afinal, o pronuncio do descalabro do capitalismo imperialista, do neoliberalismo.»

Nem mais.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

JOY
Uma boa pergunta, meu querido amigo, "até quando?"

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Só- Poesias e outros itens


Bem vinda a Silêncio Culpado e obrigada pelas palavras de incentivo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Tagarelas-miamendes

Pois, o crédito e todas as instituições que vendem ilusões, manipulando de forma pouco ética, omitindo os efeitos perversos dos produtos que facilitam. E tudo à luz da legalidade.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Fátima
Minha querida espero que situação esteja de todo normalizada. Pelo meu lado as coisas também têm andado complicadas e não tenho podido conviver virtualmente com a assiduidade que desejaria.
Melhores tempos virão, amiga. Esperemos que sim.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

TONY MADUREIRA
Vamos aguardar melhores dias.
Não te tenho dado a atenção devida, como gostaria, e nem sequer ainda consegui marcar um dia para me encontrar com a Silvia que veio leccionar perto do sítio onde moro.
Temos traços de união em torno de causas que nos são queridas e que gostaria muito de desenvolver.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Lua Prateada

Um beijinho também para ti.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Teresa Durães

É isso, amiga , a ganância. O mal de todos os males.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida

Se a razão me acerta no meu entendimento do texto que transcrevi, o que o mesmo nos diz é que o neoliberalismo, ou seja a inteira liberdade do mercado funcionar e se auto regular, é incompatível com a natureza humana que se deixa corromper e que preverte as regras. Da mesma forma a natureza humana não é compatível com a economia planificada que estrangula a iniciativa individual motor da competitividade e da inovação e logo das motivações pessoais.
E é isto que eu penso também.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas

Em primeiro lugar obrigada pelas tuas palavras de solidariedade neste momento particularmente difícil por razões que sei que entendes bem devido à tua relação com o Bruno. É que os meus problemas residem essencialmente em ver sofrer um jovem de 15 anos que já sofreu muito por ser filho de toxicodependentes e que continua a sofrer sem que eu consiga atenuar muitas das dores que tem e não merece. Por ele, este meu momento é um grande problema.

Relativamente à análise que fazes, profunda, exaustiva e bem suportada, eu concordo com quase tudo a não ser com facto de eu me sentir ainda europeísta e não ter saudades do escudo. Reconheço no entanto as fragilidades do sistema e quando o defendo não ponho em causa a nossa identidade nacional que muito prezo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Dalaila

Os inícios de século, ainda que turbolentos, não podem confrontar-nos com tamanha aspereza tendo em conta os estádios de evolução que se vão alcançando.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Rafeiro Perfumado

Um momento histórico bem preocupante por sinal.

Abraço

Zé Povinho disse...

Não acredito que os nossos bancos estejam assim tão sólidos, e os rumores que se ouvem é de que há alguns mais para lá do que para cá.
Hoje achei interessante a notícia de que a Islândia está a pedir um empréstimo à Rússia, o que nem admira, porque a China é o maior detentor da dívida pública dos EUA, muito acima dos países do petróleo.
O capitalismo está irreconhecível...
Abraço do Zé

SILÊNCIO CULPADO disse...

Zé Povinho
Que é uma crise com consequências imprevisíveis disso não tenhamos dúvidas.
Vamos ver no que isto vai dar.

Abraço

ManDrag disse...

Salve! Lídia
Tal como o comunismo caiu vítima das suas supostas virtudes, o mesmo se parece passar agora com o capitalismo.
Mas... e o que virá depois? O capitalismo pode sucumbir, mas a ganância dos humanos não. Pelo menos tão cedo.
Estejamos atentos!
Abraço.
Salutas!