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OS NÚMEROS DA POBREZA




Foi profusamente difundido, pela comunicação social, que Portugal foi o País da OCDE que mais combateu a pobreza. Já antes o nosso Primeiro-ministro tinha referido que, neste momento, as pessoas que se encontram em situação de pobreza se situam nos 18% o que equivale a um milhão e oitocentos mil portugueses.

Apesar de muito elevada, esta fatia da população que vive com menos de 366 euros por mês (valor médio do rendimento nacional), é bem menor que aquela que, num passado recente, vivia nestas circunstâncias. As taxas de pobreza chegaram a situar-se nos 23 % descendo e fixando-se nos 20% por anos consecutivos.

Porque a pobreza me aflige e fere a minha consciência de cidadã que se sente quase como uma privilegiada que usufrui em supérfluos o que outros não têm para o essencial, comecei a pensar que todos os sacrifícios fiscais, e não só, até valeriam a pena para que se cumpra esta meta de maior justiça social.

Entusiasmada procuro dados e noticias sobre a matéria. E que encontro? Que efectivamente o relatório da OCDE que dava conta da descida da taxa de pobreza se reporta ao período de 1995-2006. Desconhece-se, portanto, o valor da tendência de 2006 para cá, dado que seria da maior importância para aferirmos da justeza de certas medidas e percebermos a focalização do actual governo em matéria tão sensível e de tão grande alcance.

Em contrapartida com o optimismo da melhoria deste indicador (taxa de pobreza), aparece um Portugal em que o fosso entre ricos e pobres é um dos maiores da OCDE tendo apenas no mesmo patamar os Estados Unidos e, atrás de si, o México e a Turquia.

E apesar de Portugal ter sido o país da União Europeia que mais reduziu a pobreza nos últimos anos, convém acrescentar que, mesmo assim, continua acima da média europeia que se situa nos 16%.

Angustia-me a falta de rigor da palavra. Angustia-me este conceito de pobreza que cresce e alastra pelas ruas onde há mais pedintes, mais insegurança e menos solidariedade.

Caminhei há dias pelas ruas de Lisboa onde fui rever locais da minha referência como o Largos do Carmo, de Camões e a Rua da Trindade. Para além do estacionamento caótico e das ruas sujas onde muitos estendem a mão à caridade, apinha-se o lixo pelo chão, em sacos de plástico e fora dos recipientes num espectáculo que coexiste com as lojas de luxo que, segundo parece, continuam de boa saúde.

Apinhada de turistas Lisboa espelha bem as assimetrias do País que temos. Algo que, mesmo que queiramos, não conseguimos não ver.

Talvez os habitantes dos condomínios de luxo possam ter outras leituras. As suas rotas não são pelos sítios sujos onde os pobres incomodam. E se alguém os confrontar com a degradação da paisagem humana justificam-na dizendo que as causas estão na toxicodependência, na imigração, nos que não querem trabalhar e daí por diante.

Só não dizem de quem é a culpa e quais os mecanismos que geram a pobreza de todas estas situações.

50 comentários:

amigona avó e a neta princesa disse...

Esta dos conceitos minha querida Lídia deixa-me sempre um pouco perturbada! Os conceitos são uma coisa e a realidade é outra!
Convivo diariamente com pessoas que "sobrevivem" com 236 euros!!!
Convivo diariamente com gente que produziu (de facto!) e, hoje, vê o sistema ignorá-lo! Deparo-me , ocasionalmente, com parasitas (conhecemos alguns, não é?)e sei que muitas vezes são os que estão mais perto da riqueza...beijos...

Compadre Alentejano disse...

Há uma situação de pobreza que não vem nos dados estatísticos: a pobreza de alguma classe média.
Os ricos estão cada vez mais ricos, os pobres continuam pobres e é a classe média que mais sofreu com o desgoverno do sr.Sócrates...
Espero que na próxima, lhe calcem os patins...
Um abraço
Compadtre Alentejano

Pata Negra disse...

E lá vêm eles com os números como quem esconde o pão e mostra as rosas.
Não precisam de disfarçar, os pobres sabem bem que este governo não foi feito para eles!
Um abraço da minha mesa

Zé Povinho disse...

Eu sou um céptico quanto a números, e geralmente guio-me pelo que constato, e pelo que me rodeia. Os patamares segundo os quais se afere a pobreza não me convencem, porque são indexados a valores que são impostos por quem não sabe, nem nunca experimentou viver com semelhante quantia.
Sei que há muita pobreza visível e vejo recorrer a ajudas como a do Banco Alimentar pessoas que não admitem publicamente dificuldades nem as aparentam. Por vezes estar por dentro destas realidades dá-nos uma visão bem mais negra da realidade do que as aparências a que muitos se cingem.
Abraço do Zé

Alexandre disse...

Muito mal impressionado fiquei com o centro de Setúbal ontem quando tive que passar lá a manhã: nunca pensei que a cidade tivesse descido tanto em termos de qualidade de vida: gente pobre, com muito mau aspecto, gente mais velha carregando sacos de plástico com uma ou outra hortaliça e com certeza com muitos sonhos já gastos!

Para quem conheceu Setúbal no seu auge nos anos 80 foi como se tivesse estado noutra cidade... triste...

sonia a. mascaro disse...

Muito obrigada Lídia por suas palavras gentis a respeito da minha paisagem!

Estou fazendo uma pausa no blog para poder dar conta dos problemas com meu computador e também descobrir porque estou com problemas na hora de postar e atualizar.
Um grande abraço e uma boa semana para você.

mfc disse...

A culpa?! É dequem tem a possibilidade de mudar isto e não muda... isto é, o Poder!
Ora como o Poder é eleito por todos nós... a culpa é colectiva e nossa.

ManDrag disse...

Salve! Lídia
Muito terá de mudar no modo de todos verem e entenderem a vida para que a pobreza passe a ser uma triste memória do passado.
A pobreza não é apenas um factor económico ou financeiro. É algo que resultou dum desenvolvimento torpe da nossa civilização e que atinge vários aspectos da vivência humana. Tão pouco é o resultado da existência de ricos; mas o modo com que estes a ignoram é aviltante.
A proliferação de pobres pelo espaço urbano comum é o estigma que nos recorda constantemente o quão atrasados estamos em termos evolucionários. E continuarão aumentando enquanto todos estivermos esperando que alguém (leia-se governo, ou estado) faça algum passe de mágica para que eles se esfumem no ar.
Abraço.
Salutas!

Zé do Cão disse...

Setúbal, Lisboa, Faro,Vila Real é por toda a parte a imagem da pobreza que deixou de ser envergonhada.
Também eu ainda à bem pouco tempo, dei uma volta por esses lados. Largo do Carmo, (a Veiga Beirão onde estudei) rua da Trindade, Largo da Misericórdia (onde via a extracção da lotaria às sextas-feiras), está tudo tão mudado como dizia a "Mariquinhas das tabuinhas", conspurcado por toda a parte.
Mas o actual Presidente da Câmara, disse que uma das primeiras coisas que fazia era por tudo bonito.
Quando eu era miúdo as ruas eram lavadas duas vezes semana. e agora, quantas vezes são lavadas de 100 em 100 anos? (0).
Vemos miséria, pobreza por tudo quanto é sítio. Governantes, porque nos mentem, porque nos enganam a toda a hora?
Porque só pensam em vós e nos seus...e deixam este povo contnuar a caminho da miséria geral.

São disse...

Não dizem porque não lhes convém. E não há ainda quem acredite que será no céu a sua felicidade ?...
Um abraço, Amiga.

peciscas disse...

É, de facto, uma questão arrepiante.
Esgrimem-se números estatísticos, com a queda de uns dois ou três pontos, mas, o que é mais imprtante é que cerca de dois milhões de ocncidadãos são pobres.
No seculo XXI, isto é inaceitável.Sobretudo quando se sabe que há meios para combater mais eficazmente a pobreza e a desigualdade social que a determina.

AJB - martelo disse...

Há quem culpe muitos por "falta de cabeça", isto é, não sabem governar a vidinha e descambam... considero este tipo de opinião absolutamente injusta e maldosa e passando por cima destas afirmações falhadas, direi que ninguem é pobre porque quer ou porque é assim a vida...
É um assunto que magoa muito...
um abraço

tagarelas disse...

Ola,
Ha muito que eu percebi que "os numeros" sao enganadores. A abilidade com que se pode interpretar numeros e' ilimitada... E os politicos sao brilhantes, nisso.
A pobreza existe em Portugal e esta a olhos vistos. Nao preciso de estatisticas. Assim como esta a olhos vistos a sua inesistencia em paises como a Noruega, a Dinamarca e a Suecia. Nos podemos nao ser grandes matematicos, mas nao somos cegos.

C Valente disse...

Ontem não consegui postar, assim hoje vim mais cedo, desejando um bom fim de semana com saudações amigas

C Valente disse...

Ontem não consegui postar, assim hoje vim mais cedo, desejando um bom fim de semana com saudações amigas

António de Almeida disse...

-Tentei comentar aqui ontem, mas algo me impedia, deveria ter a ver com a conta Google.
-Existe pobreza estrutural, parte dela inevitável, alcoolismo, toxicodependencia, indigência por vezes após rupturas familiares, e aqui a resposta nunca será fácil, e julgo que o fenómeno dificilmente será erradicado, quando se ajuda alguém, outros tomam o seu lugar, e tenho sérias dúvidas se será possivel ajudar quem não quer ser ajudado, porque as pessoas têm direito à liberdade individual. Depois existem situações conjunturais, ás quais os sistemas de apoio podem dar auxílio, desemprego, doenças, mas convém ter presente que algumas situações de pobreza na classe média baixa, resultaram do excesso de endividamento, muitas vezes para comprar uma casa igual à dum familiar, um automóvel superior ao do vizinho, uma viagem ao Brasil ou uns ténis, playstation ou telemovel de última geração para o rebento não ficar atrás dos colegas no recreio da escola. Aí vamos com calma, existiu até uma associação que vinha falar que o crédito era um direito, curioso, nunca os ouvi dizer que pagar dívidas era um dever. Essas pessoas em primeiro lugar têm de mudar de vida, vender casa e carro se necessário, habitação é um direito, habitar em casa própria não é.

Anónimo disse...

A pobreza é maior actualmente do que referem esses dados já ultrapassados, como muito bem questionas no texto. Sou um passageiro diário que, com olhos de ver, observa e sente a pobreza nos seus mais diversos níveis. Ao percorrer o Porto vejo a pobreza encapotada. Os que têm necessidades e continuam a subir as escadas da sua casa para comer uma sopinha e depois descem a arrotar a bife. Há quem tenha vergonha de assumir a pobreza. Passem pela Cáritas, Coração da Cidade, Cais, AMI e tantas outras associações e bancos alimentares e vejam com os vossos próprios olhos quem ali acorre. A par disto encontramos os marginalizados da sociedade, aqueles que vivem em dupla pobreza e dormem nas ruas: toxicodependentes, alcoólicos, doentes desamparados, idosos que vegetam sem qualquer objectivo futuro. Vale-lhes algumas carrinhas de voluntários que servem de apoio alimentar que lhes traz uma sopa quente, uma sandes, bebida e alguma fruta.
Braga é uma cidade mais fechada. Aqui ainda se tentam esconder mais, mas a pobreza é real.
Acrecento que grande parte dos comerciantes actuais e seus empregados estão em vias de fechar o seu pequeno comércio. Esperam para ver como correrá este natal. Sinto-os sem esperança... A realidade virá "cruel como um punhal": encerrarão muitos com o consequente desemprego dos seus já poucos trabalhadores. Entretanto abriu mais uma grande superfície no Porto. Outra em Braga e aqui, mais se seguirão. Dizem que cria empregos. Não é verdade porque esses empregos são part-time, muitos sem descontos efectivos, outros a recibos verdes e são jovens que mudam de um centro comercial para outro. E quando uma nova grande superfície comercial abre, as outras sentem um decréscimo de clientes, pois estes vão visitar o mais recente, que "passa a ser o melhor". Com o decréscimo de clientes vem mais desemprego. Dá-me dó, ver "empregados" e "patrões" sentados dentro das lojas a ver passar a banda... Olhares difusos, perdidos que se confrontam mentalmente com o futuro incerto, que lhes reserva a certeza do encerramento.
Depois do Natal falamos...
Entretanto as pessoas endividadas consomem menos, mesmo os que têm economias. Estão assustados e agurdam.. Os bancos estão endividados e o exterior não lhes acena mais dinheiro, facto que faz com que os bancos tenham que recorrer ao fundo de garantia que o Governo colocou à sua disposição. É um facto já hoje anunciado.
As associações perdem verbas dos sócios. Deixam de pagar, muitas vezes pagaram porque tinham dinheiro e mesmo que estas nada lhes desse faziam-no. Agora só ficam sócios pagantes se esta lhes der resposta efectiva aos seus anseios, e se dispuserem de dinheiro para as coisas essenciais. As associações estão dependentes dos subsídios governamentais, que após eleições serão de novo apertadas, seja qual for o Governo eleito, porque o Estado está super endividado!
Nada de novo...

Saudações e um sorriso

PS: Aumentará a insegurança, uma vez que a variável social/pobreza é directamente proporcional e está em franco aumento!

SILÊNCIO CULPADO disse...

Amigona
Se alguém sobrevive com 236 euros é porque tem outros apoios. Esse rendimento não dá para garantir habitação, água, luz gás, alimentação condigna, medicamentos etc.
A pobreza existe sempre que o rendimento não cobre as necessidades básicas.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Compadre Alentejano

É verdade que a dita classe média foi a principal sacrificada. E isto porque ainda tinha algo a sacrificar.
Quem vive na rua já não tem nada a perder.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pata Negra

É verdade, amigo: dizer que são rosas e nós vermos que se adensam a pobreza e as dificuldades de sobrevivência chega a ser pornográfico.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Zé Povinho

Não sei como é que diminuímos a pobreza se a cada dia que passa ocorrem mais situações como as que descreves. Há muita fome e pobreza envergonhadas.


Abraço

Anónimo disse...

Ahhh... Um país que pouco produz, que deixou morrer a sua agricultura, a pesca e encerra as suas fábricas, que vive acima das suas capacidades e quase tudo importa, tem caminho certo: POBREZA!
O sector hoteleiro é sazonal e cairá também. Aqui também os empregos são "misteriosos". A entrada sem qualquer controle de mercadoria exterior definhará Portugal!

Desclpa estes lençóis, mas ficou tanto por dizer!
abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Alexandre
O mal parece ser por todo o País, infelizmente. É como se as terras tivessem a morrer, com o comércio a fechar e as populações a serem confrontadas com as dificuldades crescentes resultantes do desemprego.
Falas de Setúbal mas olha que Lisboa dá muita tristeza. Tirei algumas fotos de locais turísticos qu são uma tristeza em termos de lixo, sujidade e mendicidade.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sonia Mascaro


Obrigada pela visita. O teu blogue mostra-nos o paraíso na Terra.

Aguardo mais postagens e aconselho os meus visitantes a darem uma espretadinha.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

mfc

O poder tem a culpa mas quem deu poder ao poder?


Abraço

Peter disse...

"Angustia-me a falta de rigor da palavra. Angustia-me este conceito de pobreza que cresce e alastra pelas ruas onde há mais pedintes, mais insegurança e menos solidariedade."

É essa "falta de rigor" que permite ao Governo sobreviver.

Rafeiro Perfumado disse...

Eu só penso na minha avó, que recebe cerca de 200 e pouco euros por mês. Não fosse o resto da família, e nem pobre seria, estaria morta.

A Lei da Rolha disse...

Triste e lamentável...infelismente!
bfs

Odele Souza disse...

Lya Luft, em sua coluna semanal da revista Veja, escreve nesta semana:

"Eu me pergunto com que artifício psicológico conseguimos sobreviver diariamente, dormir, sonhar, enquanto milhões morrem por lhes faltar o mínimo, o mais essencial e simples".

SILÊNCIO CULPADO disse...

ManDrag
Do teu comentário ressalto: "A pobreza não é apenas um factor económico ou financeiro. É algo que resultou dum desenvolvimento torpe da nossa civilização e que atinge vários aspectos da vivência humana.(...) A proliferação de pobres pelo espaço urbano comum é o estigma que nos recorda constantemente o quão atrasados estamos em termos evolucionários."

Mas todos temos que tomar consciência que pesa sobre nós esta responsabilidade de haver pobres que cruzam connosco e que são olhados por nós, por vezes levianamente, na conjectura que fazemos quanto a dar, ou não dar, uma esmola.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Zé do Cão

Compreendo a tua revolta, meu amigo. Efectivamente a paisagem humana tem vindo a degradar-se sobretudo nas grandes urbes deste País onde se concentra a mendicidade e a exclusão.
Uma triste realidade que os governantes procuram não assinalar nas comunicações ao País do faz-de-conta para angariarem apoios que lhes permitam ganhar eleições e arranjar tachos para os amigos.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

São

Minha querida, pois não convém. As eleições não se ganham com a verdade.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Peciscas
É realmente arripiante que existam quase dois milhões de portugueses em situação de pobreza. E igualmente arripiante que sejam cada vez mais os que, não figurando nas estatísticas, recorrem a instituições de caridade para obterem alimentos.
Entre os indivíduos que compõem este grupo há pensionistas que trabalharam uma vida inteira e trabalhadores que, em troca do seu trabalho, não recebem o suficiente.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Martelo
Não sei se ninguém é pobre porque quer. Agora há mecanismos que são externos e que devem ser eficazes no combate à pobreza. E esses não funcionam.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Tagarelas-miamendes

A pobreza existe e está a olhos vistos. Mas seria aconselhável identificar as causas e os estratos e situações sobre os quais a pobreza se tem agravado.
Só assim se informa e se encontram medidas correctivas. Mas parece não haver real interesse em corrigir. O que interessa é a camuflagem e a verdade segundo S.Sócrates.
(Digo S.Sócrates porque é o santo que está actualmente no poder. Há a mesma verdade segundo outros "santos.)

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

C.Valente
Obrigada amigo pela visita e bom fim de semana também para ti).

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida

Concordo com tudo o que dizes. É uma constação da realidade nua e crua.
Ressalto do teu comentário um aspecto que já por vezes aqui tenho referido: o do endividamento excessivo. Endividamento que, conforme referes,muitas vezes para comprar uma casa igual à dum familiar, um automóvel superior ao do vizinho, uma viagem ao Brasil ou uns ténis, playstation ou telemovel de última geração para o rebento não ficar atrás dos colegas no recreio da escola. -
Agora pergunto: de quem é a culpa que as sociedades actuem de forma tão desnorteada e tão pouco consentânea com a realidade?
E aí eu aponto o dedo à esquerda e à direita.
Aponto o dedo à esquerda que reivindicou, como forma de mobilização de massas, o direito a uma igualdade que nunca se verificou em País algum, e que criou uma apetência desmesurada por consumo de supérfluos como se houvesse modelos que a tal resistissem e orçamentos capazes de suportar.
A direita também viu, na especulação que estes desatinos produziram, formas de enriquecimento fácil que foram acobertadas pelos sucessivos governos.
(Denomino por esquerda os que defendem a economia planificada e por direita os que defendem a economia de mercado. Em termos políticos esquerda e direita para mim já fazem pouco sentido.)
Os governos foram incapazes de moralizar porque eles próprios tinham que satisfazer uma clientela ávida de mordomias.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas

Que hei-se eu acrescentar a tão eloquente e bem fundamentado comentário a não ser que o subscrevo por inteiro?
Também me aflige este empobrecimento, as falências, o sobreendividamento. Esta incerteza e insegurança que pesa sobre o nosso ámanhã.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter

Pois é. É a falta de rigor que permite ao governo sobreviver. As eleições não se ganham com a verdade e a governação não se faz com a palavra.

Triste, muito triste.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Rafeiro Perfumado
A tua avó ainda tem muita sorte em ter quem a ajude. E quem não tem ou porque não possa ou porque não quer?


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Lei da Rolha

Triste e lamentável porém quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão.

Infelizmente.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Odele Souza

Infelizmente, amiga, as pessoas dormem lindamente com a infelicidade dos outros. Umas até se sentem confortadas em pensar que não lhes calhou a elas, outras, de forma mais perversa, até sentem na pobreza alheia uma forma de superioridade no seu conforto que lhes satisfaz o ego.
Os que se afligem com a dor alheia são muitos poucos. Os próprios mecanismos que geram as desigualdades se encarregam de nos apagar a consciência.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Fazes bem em comentar e dizer o que pensas e sentes. Estamos aqui para analisar pontos de vista.
A reflexão é um exercício de cidadania.
Quanto a este teu comentário ele já se relaciona com a adesão de Portugal à UE que trouxe esses malefícios mas que trouxe também vantagens. Resta pesar os prós e os contras e saber se as vantagens superaram os malefícios.

Abraço

Lúcia Laborda disse...

Belo post, linda! Por aqui, o índice de pobreza é altíssimo. Aqui existem muitos e muitos, sem teto, sem comida e cresce assustadoramente a marginalidade, provindos da pobreza. Infelizmente real!
Bom domingo! Beijos

Eme disse...

Querida S.C.

Algum dia tinha de ser, deixar aqui as minhas palavras. Era tempo. E num assunto delicado que mexe com a consciência de todos e a que muitos viram a cara preferindo não admitir que existe pobreza em Portugal. Temos também de ver que certas situações que chamamos de pobreza se devem a uma má gestão no seio familiar,e perfeitamente evitável. Na outra face, a verdadeira pobreza em que o que está em causa é mesmo o "pão na mesa" penso haver entre nós autênticas catástrofes que urge combater, estes seres humanos que se encontram no limite de sobrevivência (num país onde políticos/administradores lucram disparatamente e vergonhosamente) precisam de ser ajudados a sair desta condição. A sociedade desgasta-se num amontoado de inutilidades, perde-se no supérfluo sem muitas vezes se aperceber, daí o fosso. Anda tudo preocupado com esta pseudo crise que põe o país e o mundo em alvoroço quando ela afecta apenas o riquismo. Os verdadeiros pobres são indiferentes a ela mas sentem na pele o que mais ninguém quer ver.

Abraço

O Profeta disse...

Este é um paí com governantes pobres...mentais...



Doce beijo

SILÊNCIO CULPADO disse...

Olhos de Mel


Esta constatação não nos pode deixar imdiferentes. "Aqui existem muitos e muitos, sem teto, sem comida e cresce assustadoramente a marginalidade, provindos da pobreza. Infelizmente real!"

Aqui em Portugal a pobreza não será tão dramática.Pelo menos tecto e comida, ainda que insuficiente nalguns casos, todos têm.
A marginalidade também cresce mas em índices ainda inferiores ao Brasil. Porém por este andar....

Oremos por melhores dias.

Abraço

Mac Adame disse...

Eu cada vez desconfio mais de estatísticas. Até porque de há uns tempos para cá, há-as para todos os gostos. Hoje sai um "estudo" a dizer que a seguir a A vem B, e amanhã sai outro a dizer que, afinal, B é antes de A. Abraço.

SILÊNCIO CULPADO disse...

M.
Fico feliz por te encontrar aqui.è verdade, amiga, que há dois tipos de pobreza: uma que foi sucedida por erros de má gestão dos recursos e uma outra, mais dolorosa, que provém das dificuldades que afectam famílias que ficaram desempregadas, ou que têm um salário que não dá para suprir as necessidades básicas, e ainda os idosos com reformas que não permitem uma velhice condigna.
Realmente a crise existe mas existe também um enorme fosso entre ricos e pobres, o maior entre os países da OCDE.
Porém esses ricos não o são através da criação de valor obtido em empresas que geram postos de trabalho. A grande maioria enriqueceu através da corrupção e da especulação dos mercados financeiros.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Profeta


Concordo. E os resultados estão à vista.


Abraço