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ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS E, NO ENTANTO, ESTÁ A ENVELHECER



Parece um contra-senso mas não é. O envelhecimento demográfico é visível aos olhos de todos. Basta andar pelas ruas de qualquer terra, utilizar os transportes públicos, ou participar em qualquer evento para nos apercebermos de uma terceira e quarta idades a adquirirem uma supremacia numérica.

Em contrapartida faltam as crianças, os seus risos, as suas birras e todo aquele colorido que põem nas nossas vidas.

Segundo o último relatório anual do Conselho da Europa sobre a Evolução Demográfica Recente na Europa, os portugueses serão menos um milhão em 2050 e a população estará ainda mais envelhecida, havendo perto de 2,5 idosos por cada jovem.

A população portuguesa deverá também começar a decrescer a partir de 2010, atingindo cerca de 9.302.500 habitantes em 2050.

O envelhecimento da população vai continuar a aumentar, prevendo-se que os homens passem a viver, em média, até aos 79 anos e as mulheres até aos 84,7.

Mas estará o País preparado para conviver com esta realidade? Onde estão os incentivos para que os mais velhos possam contribuir, com a sua experiência e sabedoria, na construção do futuro ao invés de serem considerados trapos velhos e indesejados que sobrecarregam a Segurança Social e os Hospitais e que são uma pesada responsabilidade para a maioria das famílias? Porque não mantê-los activos mais tempo proporcionando-lhes formas de se sentirem úteis através de trabalhos de voluntariado ou de part time em áreas para as quais revelem competências?

E porque não lhes dar formação contínua para que possam, sem problemas, utilizar a caixas Multibanco, adquirir, nas máquinas automáticas, um bilhete de comboio ou metro, sem a ajuda de terceiros? Porque não lhes ensinar a manusear um telemóvel e a receber ou enviar uma mensagem?

Porque temos sempre que admitir que a formação e as novas oportunidades são para os mais novos, aqueles que ainda não são sobrantes numa sociedade instruída para segregar tudo o que não está padronizado como artigo de primeira água?

Há idosos com formação escolar e experiências profissionais que seriam uma mais valia em áreas carenciadas onde poderiam prestar um serviço cívico gratificante.

Só que a grande maioria das Associações recusa pessoas com uma certa idade, actuando de forma discriminatória, quando deveriam ser exemplo de ausência destas práticas.

Não, decididamente este País não é para velhos embora esteja cada vez mais caduco e envelhecido. Cada vez mais autista e menos humano. Cada vez menos País, infelizmente.

23 comentários:

Odele Souza disse...

Querida Lidia,

Quanta coisa o governo poderia fazer e não faz pela população que vai envelhecendo.Programas de incentivo ao trabalho dos mais velhos, estes que com sua experiência de vida têm tanto ainda a contribuir.
Mas como não lhes dão importância, os mais velhos ficam cada vez mais imersos num marasmo debilitante e para eles, certamente frustrantes.

A tendência parece ser mesmo que as pessoas vivam mais. Deveriam também viver melhor.

Um forte abraço Lidia.

. intemporal . disse...

Lídia,

Gostei muito deste post e é tal qual como refere:

Este país não é para velhos e, no entanto, está a envelhecer.

Urge manter as pessoas na vida activa por tempo indeterminado, orientando-as para serviços de acção social, por exemplo, tão necessários e que tanto excasseiam em várias vertentes.

Urge combater a solidão, a ignorância acerca dos tempos modernos, das tecnologias em uso, fomentando uma vivência mais fácil e mais latente na sociedade.

Urge obter dos nossos velhos, um apoio constante, que possa criar sinergias nas várias facetas da sociedade e contribuir para uma comunidade melhor, onde todos tenham um papel a desempenhar.

Por este andar, o fosso será irreparável, e o país não poderá continuar alheio, à realidade que se nos afigura a cada dia que passa.

Um abraço enorme.

Isamar disse...

Este país não é para velhos mas eles existem e não podem continuar a ser tratados com a negligência, o desprezo, o desrespeito que,em muitos casos, constatamos. Os idosos, detentores de um saber de experiência feito, são neste momento, entre muitas famílias, considerados um fardo e não uma mais-valia. É lamentável que assim seja porque o seu contributo para a sociedade poderia ser muito válido.
Peço desculpa pela minha ausência, Lídia. Deveria ser mais assídua.

Um beijinho

p.s. As melhoras da tua familiar. Estou ao teu dispor.

Pata Negra disse...

Precisamos de todos e sobretudo dos mais velhos. Aposentados não significa inválidos, existe um espaço onde se podem potenciar as suas competências o o seu voluntariado, existe um dever de os ajudar a acompanhar novas competências e novos espaços. Sempre me preocupei sobre a relação do aumento de população com a sustentabilidade do planeta, crianças haverá sempre enquanto não nos castrarem, mas existem limites para a multiplicação da espécie. Não compete aos vindouros o equilíbrio e a gestão dos sistemas de segurança social, isso é um resultado das nossas escolhas políticas.
Para que é que estou para aqui a escrever? Porque já estou farto de passar e dizer: concordo em absoluto.
Este blogue é um blogue diferente.
Um abraço muito longe da reforma e tão perto dos reformados.

R.Almeida disse...

Uma reflexão de um problema actual com o qual nos defrontamos.
Os senhores que tomaram conta do poder,com promessas de igualdade social nas quais o povo submisso acreditou empobreceram de tal maneira o país e a força produtiva que poucos casais vêm a possibilidade de criarem um filho e lhe darem a educação conveniente.
Esperam até uma idade mais madura em que possam ter progressão de carreira e condições económicas para pocriar, mas essa progressão e as condições económicas não vêm.
Dão incentivos à natalidade mas que na realidade o não são e mais uma vez enganam aqueles que continuam a acreditar neles.
O sonho de liberdade e igualdade de oportunidades que se esperava da democracia passou a pesadelo.
Só a morte nos trará a liberdade que ansiamos ou então a coragem e a mobilização de todos os oprimidos para fazermos uma revolução desta vez sem ser com cravos mas com o sangue dos vampiros que nos oprimem e sufocam.
Não estou a ser radical acreditem, estou apenas a constatar uma realidade sem outra solução aparentemente visivel.
Envelhecido e empobrecido sem capacidade para lutar, irei com tantos outros arrastando-me pelas ruas e vielas do nosso Portugal desiludido com a ambição dos homens que em nome da liberdade instauraram uma nova forma de escravatura não menos cruel do que aquela que existiu no passado. Onde estão os abolicionistas do presente? Precisamos deles urgentemente.

Teresa Durães disse...

e os lares que se recusam a aceitar pessoas com alzeimer? Uma vergonha

JOY disse...

Olá Lidia

É de facto triste vêr a falta de agradecimento, respeito e de carinho com que a sociedade brinda os idosos. Não vejo no discursso politico uma palavra para uma situação mais do que garantida que é o envelhecimento da população e o aumento da esperança de vida, que deveria merecer uma profunda reflexão quanto á maneira como irá a sociedade criar condições para lidar com esta realidade que se avizinha.

Abraço forte
Joy

São disse...

Querida Lídia, desgraçadamente, Portugal está a tornar-se inabitável seja para quem for, com excepção para quem não tem nem ética nem vergonha, mas possui poder sob alguma forma.

Neste Dia contra a Violência de Género desejo-te paz interior e harmonia cósmica.

Um fraterno abraço para ti, de coração.

mfc disse...

Um post pleno de oportunidade.

sonia a. mascaro disse...

Muito interessante este post, Lidia. Importante conhecer a realidade de Portugal em relação ao envelhecimento e aos idosos. Um problema que diz respeito também ao Brasil.
Abraços.

Visite www.arteautismo.com disse...

Lídia , minha querida.
Quantas saudades de ti.
Nunca te esqueço.
Ando sumida, por conta de muito trabalho, quase não tenho vindo na net . E o pior tenho negligenciado o site de Filipe, e isso não pode acontecer, pois ele precisa que eu seja sua voz. Mas que fazer se tenho que trabalhar. Agora mesmo trabalhei muito para dar um quarto novo para ele com tudo modulado. Penso que ele deve ficar bem e bem acomodado. Ele gostou muito. Isso alegra meu coração.
Não consegui nada até agora para ele, para que possa usar a sua arte. Os empresários são desumanos, talvez isso tenha me deixado meia desmotivada. Tanta arte bonita que Filipe faz sem que possa ser aproveitada, Dá uma tristeza , Lídia.
Lendo o seu post, vejo que tanto para os pais e o próprio autista a velhice é muito preocupante.

Um beijo minha querida.
Ray

José Lopes disse...

Dentro do mercado de trabalho não se aproveita a experiência, nem se dão oportunidades aos cidadãos mais velhos, grande verdade! Perdem todos, perde o país, mas a máquina do sistema continua impávida e serenamente a sugar o máximo que pode a força laboral, tendo em vista apenas o lucro imediato.
Cumps

Anónimo disse...

Quantas vezes matuto nesse assunto? não porque seja uma obsessão ou porque, no fundo, todos nós seremos velhos como aqueles que vamos olhando... não se valoriza a sabedoria acumulada com o tempo que não cabe num compêndio nem tão pouco existe um interesse genuíno por dar mais oportunidades de vida. O único real interesse que transparece agora por manter alguem mais tempo no activo é apenas para o desgastar ao ponto de lhe encurtar a vida... isto prende-se com um aspecto essencial - não vivemos numa sociedade que se importe...

abraço

António de Almeida disse...

Tolero mal faltas de respeito para com os mais velhos. No entanto o problema que aborda não será de fácil resolução, algo tem sido feito, julgo que incentivar o voluntariado para manter as pessoas activas o máximo de tempo possível deve ser uma aposta da sociedade, com vantagens económicas incluídas para cúmulo.

Meg disse...

Lídia,
Eu diria que este país já está velho. Mas pior que velho, está caduco, a começar pela mentalidade dos nossos governantes que pensam que se resolve o problema com a proliferação de lares (depósitos pré-mortuários) onde os mais carenciados chegam ao limite de serem vítimas de espancamento.
Mas também sou contra as famílias que rejeitam os seus idosos.
E nem sempre é por falta de condições. Exigem sacrifícios? pois exigem, mas enquanto puderam foram ou não eles que "seguraram o barco"?
Mas também sou contra aqueles que querem impôr a reforma a pessoas ainda muito capazes de exercer uma actividade plena. Como se a reforma fosse um posto em si.
Deixemos trabalhar quem pode e quer, aproveitemos as suas capacidades, em vez de vermos jardins cheios de pessoas, muitas de idade e aspecto muito válido, dias inteiros a jogar cartas.

E fico-me por aqui.

Um abraço

Marco Rebelo disse...

ora aí está :)

Marco Rebelo disse...

ora aí está :)

ManDrag disse...

Salve! Lídia
Nada a acrescentar!
Mas depois me ocorreu que podemos sempre dar ainda mais uma achega.
Para se reintegrar os velhos na sociedade, da qual já fizeram parte e à qual entregaram o maior quinhão das suas vidas, é necessário repensar todo o sistema social, a começar pelo reconsiderar o conceito de família.
Ao ler o teu post sorri com ironia pela aberração de que num oaís em que os velhos são excedentários, as crianças carecem de avós. Quanto a mim seria um bom ponto de início de reflexão sobre a utilidade dos mais velhos na sociedade.
Esta sociedade carece de vivências cruzadas entre os seus vários grupos, que cada vez são tornados mais estanques e isolados.
Bem, fico por aqui, pois para quem nada mais tinha a dizer já falei bastante.
Abraço.
Salutas!

Zé do Cão disse...

Minha querida Lídia. Para quê ensinar a velhada a mexer no Multibanco? Eles não têm dinheiro. E os poucos que têm, seriam roubados na primeira esquina.
Estava a imaginar os meus sogros com um cartão multibanco a tentar receber a "porca miséria" da reforma. Havia de ser bonito...
Um xi- grande, grande
Vou levando tudo a brincar, não é?
puxa-me as orelhas, autorizo

vieira calado disse...

Cada vez menos um país, na sua essência, infelizmente.

Beijoca

Lúcia Laborda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lúcia Laborda disse...

Oie linda! Infelizmente não existe respeito com os idosos. Nem mesmo das autoridades. Não existe preocupação, nem uma política voltada para eles.
Belo post! Beijos

Anónimo disse...

Lídia,
este país está muito envelhecido. E cada vez estará mais. Urge uma política de inserção da 3ª idade. Com o passar dos anos a idade de vida aumentou. Dir-se-ia mesmo que temos agora uma 4ª idade. Ao circularmos pelas ruas e praças das cidades vemo-los em bancos de jardim, em cafés com o olhar na penumbra sem futuro e carentes de apoio e esperança.
Esquecem-se os valores e os ensinamentos que os mais idosos nos podem e tão bem sabem transmitir fruto da sua longa experiência de vida. Uma sociedade que não olha pelos mais experientes é uma sociedade que não tem futuro.
Não há futuro sem o presente e não há presente sem o passado!

Já não falo das políticas anti-familia...

Saudações e um sorriso