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O AUTISMO E A INDIFERENÇA


AROMAS DE PORTUGAL

Para terminar estas abordagens sobre o autismo, tema que foi apenas aflorado e que está longe de estar esgotado, quero deixar algumas reflexões que me sugeriram os vários contributos.


O autismo não é uma patologia residual. Em Portugal estima-se que existam cerca de 61.000 autistas porém, os dados disponíveis não nos permitem fazer uma avaliação concreta da realidade na medida em que esta população não está devidamente estudada como população que é, com características próprias.

Em meu entender, este número pode ser bem superior se atendermos a que não estão contabilizados indivíduos mais velhos, por ausências de diagnósticos em gerações mais velhas, e a situação clínica de muitas famílias de imigrantes hoje já com nacionalidade portuguesa.


Para além da necessidade de identificação da família autista, do estudo dos diferentes casos e percursos e bem como de soluções através de redes de apoio e acompanhamento que permitam munir o autista de toda a auto-suficiência possível desenvolvendo as suas capacidades, por vezes espectaculares em determinadas matérias, temos também que despenalizar as famílias dos autistas em relação aos espectros que sobre elas recaem.


Que será dos autistas quando os pais lhes faltarem? E que vida, para além dos filhos, poderá ser proporcionada a estes pais? Sim, porque em circunstâncias normais os pais têm uma outra vida a que têm direito, que é legítima e necessária ao seu equilíbrio humano e psicológico.


Perguntas sem resposta mas que urgem uma solução. Uma solução que não pode passar pelo silêncio autista num País onde ainda se morre anónimo pelas ruas e se procura, através do site da PJ, que se identifique uma longa lista de seres humanos que morreram e ninguém deu pela sua falta.

46 comentários:

Anónimo disse...

"(...) silêncio autista num País onde ainda se morre anónimo pelas ruas e se procura, através do site da PJ, que se identifique uma longa lista de seres humanos que morreram e ninguém deu pela sua falta."

O silêncio não é autista.Poderá ter outros nomes...O autismo não é sinónimo de indiferença, apenas de diferença.

Se alguns idosos são colocados nos hospitais pelos seus familiares e depois já ninguém os vai buscar, o que dizer de indivíduos que aparecem cadáveres por aí e que ninguém quer saber deles?
O site da PJ não é suficiente para a divulgação. A articulação entre as polícias deveria ser mais estimulante, levando a uma real busca dos familiares.Isto é ainda mais necessário para os desaparecidos.No início dos turnos de serviço policiais deveria acontecer uma palestra sobre estes casos.

Será que acontece?

Tem que chegar essa informação à população, pois a família poderá não querer saber deles, porque até poderá saber da ocorrência, mas algum vizinho o reconhecerá e prestará informações.

Muitos dos que se encontram nas morgues, sem paradeiro, são oriundos de países estrangeiros e sem familiares por cá.

Sei que queria esta opinião última, embora dada muito superficialmente.

Opiniões

saudações e um sorriso

Anónimo disse...

Sobre o tema do AUTISMO aqui aflorado pelo "SILÈNCIO CULPADO" ficou ainda muito por dizer, mas o essêncial ficaram nas perguntas sem resposta.

Interessa questionar, informar e sensibilizar a opinião pública.Urge dar cursos de formação às entidades, por técnicos conhecedores e pelos pais que melhor que ninguém conhecem os comportamentos deste síndroma.

Deixo aqui o meu abraço a todos vós sem culpas nem silêncios, porque disse e digo de uma forma ou de outra o que penso.

"Existem é ouvidos culpados..."

Saudações e um sorriso

O Árabe disse...

Eu tive uma prima autista, já falecida, Lídia. Assim, bem posso aquilatar o drama... e a importância da tua abordagem. Parabéns!

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
O autismo real e o autismo figurado por vezes confundem-se. O autismo real é uma diferença enquanto o autismo figurado poderá ser indiferença e silêncio. É o não querer saber duma realidade que exige algum esforço de entendimento e de soluções. Mas mais importante que o jogo das palavras, ou das metáforas para designar certas situações, são os problemas em si.
Há que regulamentar,educar e incutir valores ao mesmo tempo que se criam infra-estruturas, equipamento se know how para acudir às situações.
Há valores que têm que se incutir nas familias e nas escolas e há palestras que, conforme sugeres, devem ser dadas não só para os polícias mas nos estágios de formação de todas as profissões que têm interferências nestes casos.
Relativamente aos cadáveres não identificados infelizmente, e sei-o por trabalho de campo que em tempo fiz para as misericórdias, são-no, em esmagadora maioria, de portugueses que estão em situações precárias (sem-abrigo, prostitutas, toxico dependentes, idosos, etc.). Encontrei no grupo dos sem-abrigo um engenheiro da margem sul que perdeu o emprego e desatou a beber e não quis ser localizado pela família, uma médica que se tornou alcoolatra e também não queria ser localizada, etc. Há dramas sociais profundos e faltam condições para que os técnicos no terreno consigam restituir-lhes o rosto e a identidade.
Um abraço e um sorriso

Meg disse...

Lídia,

Informação, muita informação é o que tento levar da leitura que tenho vindo a fazer destes posts.
Quanto mais aprendo mais sei que nada sei...!

Um obrigada por isso, mas principalmente pela ajuda que tentam dar às crianças e não só crianças que sofrem desse terrível mal sem rosto.

Um abraço

São disse...

Há situações dramáticas em todas as áreas, a maior parte das vezes ignoradas por quem de direito.
O autismo é complicado, principalmente nas situações mais graves.
Mas, desgraçadamente, não é caso único.
Aqui deixo a minha solidariedade a todas as pesoas que se confrontam com sofrimentos profundos originados por problemas sem soluções seja de que tipo for.
Saudações.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Esta foi uma primeira abordagem para que os visitantes tomassem contacto com o autismo. Verifico que vários colocaram o selo ou link do Aromas e que há vontade para continuarmos a falar sobre autismo.
Em qualquer dos casos o Silêncio Culpado estará sempre aberto a esta e a outras causas e, assim sendo, poderás alertar-me para situações que queiras ver expostas em mais blogs ou alertadas através de banner.
Quanto aos ouvidos culpados temos que pô-los ao serviço da causa.
Por isso aqui estamos e continuaremos.

Um abraço e um sorriso

SILÊNCIO CULPADO disse...

Árabe
Um autista pode não ser um drama.
Pode ser um artista, pode tirar um curso superior e ser auto-suficiente.
Façamos da diferença um património da humanidade dando aos diferentes oportunidades para desenvolverem as suas capacidades.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

MEG
O mais importante que se pode dar a um ser humano é a sua dignidade.
Uma dignidade que está associada aos direitos que todo o indivíduo tem de se realizar como pessoa tendo garantidas as condições base para que isso se verifique.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

SÃO
O mais dramático das situações dramáticas é a solidão com que o indivíduo se debate perante o mutismo de instituições que, ao invés de o apoiarem lhe fecham as portas, e perante uma comunicação social sempre mais virada para o grande impacto que para a realidade em si.
Por vezes ferem-se os sentimentos através do excesso de mediatização esquecendo que as situações especiais só o são porque nós falhámos enquanto sociedade, enquanto País e enquanto governação.

Beijinhos

Anónimo disse...

Silencio,
tens razão no que referes como portugueses excluídos, que são encontrados mortos sem paradeiro.Claro que eu refiro-me aos excluídos... ninguém quer saber deles, mas os portugueses ainda são encontrados, por vezes.Sei de muitos casos de estrangeiros, nomeadamente de Leste que estão congelados...sem qualquer resultado!

Percebeste o que quis dizer sobre a indiferença, o autismo nas palavras dos políticos e o verdadeiro autismo, amigo, solitário, não por qualquer interesse, mas porque são diferentes.

Agradeço-te sem qualquer metáfora todo este teu trabalho sobre o autismo e aos amigos comentadores que aqui deram o seu contributo.
Até breve, vou por aí durante uns dias.

SAUDAÇÕES E UM SORRISO

amigona avó e a neta princesa disse...

Lídia e todos nós vos agardecemos esta preciosa ajuda que nos deram num mundo tão desconhecido de todos nós...somos hoje melhores, não tenho dúvidas, graças ao vosso empenho...muito obrigada querida Lídia e Mário...aproveito para informar que não tenho os links destacados dos vossos blogues porque tenho andado à deriva desde que o meu blogue mudou...beijinhos, grandes...

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Percebi e foste excelente. Sem ti e o teu blogue não me teria aventurado por estes caminhos.

Um abraço e um sorriso

SILÊNCIO CULPADO disse...

Amigona
Solidariedade sem ti não é solidariedade. Sei que irás abraçar esta causa como muitas outras porque só com esta força conjunta se conseguirá desbarvar caminho.

Beijinhos

AJB - martelo disse...

muito custa nascer em países que não cultivam o apoio social intenso- a ajuda e o cuidado-...talvez um dia a realidade seja diferente e mais feliz.

Mar Arável disse...

É urgente lutar

pela humanização

da sociedade

JOY disse...

Amiga Lidia ,

Como muito bem dizes ,falta conhecer melhor esta população que os diverssos governos têm ignorado,são pessoas que juntamente com as suas familias deveriam ter um acompanhamento ,uma ajuda ,uma apoi que lhes têm faltado, espero que esta abordagem que fizeste e muitas outras que se venham a fazer mudem para melhor a forma de se olhar para o Autismo.

Abraço Forte
Joy

Mary disse...

Lídia
Estarei sempre com todos os que precisam que mais uma voz se junte para que sejam ouvidos.
Há muitas diferenças que não foram aceites no passado e hoje já o são. Lembremo-nos, por exemplo, dos esquerdinas que apanhavam porrada até mais não para conseguirem corrigirem o que era considerado como uma deficiência.
Depois concluiu-se da barbaridade de tal comportamento pois é o hemisfério mais desenvolvido do cérebro que determina se um indivíduo é ou não destro. Aos esquerdinas estão associados certos atributos, como uma maior propensão para artes, e aos destros outros.
À medida que a ciência avança as respostas sucedem-se.
Com os autistas será a mesma coisa.
Abraço

Manuel Veiga disse...

abraço. excelentes as tuas causas...

sabes quanto te admiro.

Oliver Pickwick disse...

Acho que esta realidade começa a dar sinais de mudança, Lídia. Há alguns dias, mencionei o caso do autista brasileiro que se formou numa das melhores universidades brasileiras. Ontem, naquele programa norte-americano, 60 Minutos, foram analisados e mostrados três casos. São autistas com diferenciais, um pouco mais centrados, mais coerentes e ainda mais capazes na realização de façanhas. Dois deles tinham até namoradas; outro, em duas semanas aprendeu o idioma irlandês, considerado um dos mais difíceis do mundo.
Portanto, sejamos otimistas!
Beijos!

Michael disse...

Lídia
Depois de ler isto tudo fiquei optimista em relação aos autistas. Penso que um autista bem enquadrado e com programas especiais poderá ir longe.

Se os ouvidos deixarem de ser culpados.

Abraço

Ray Gonçalves Mélo disse...

Oi Lidia,
Saudades de voce minha querida amiga!
Sempre passo aqui para te ver , pois voce é para mim preciosa!
Como vai teu filho? E voce onde andas?
Um beijo.
Saudades....
Ray

G.BRITO disse...

Silêncio/Lídia
A causa autista é uma causa de peso porquanto representa um conjunto de pessoas, em número expressivo, que precisam dum ensino especializado e de apoios específicos.
Essa pessoas têm direito a uma vida normal dentro daquilo que significa a normalidade perante as características que exibem.
Precisam-se respostas para acudir a estas situações. Divulgar a existêncio do autismo é fundamental para que se crie, a nível institucional, a necessidade de dotar o autismo com soluções concretas.

Abraço

M.MENDES disse...

Silêncio/Lídia

O País da indiferença que não é só Portugal mas que é um pouco por todo o mundo.
A diferença abismal de tratamento entre o que morre anónimo pelas ruas e as figuras públicas que merecem honras de primeira página e de abertura dos telejornais.
A vida que cessa não tem o mesmo valor para a comunidade.
Quanto ao autismo também uns são mais que outros e também não tem a ver com o grau do autismo mas com os recursos materiais e culturais da família em que está inserido.
Abraço

Eternamente disse...

Para que haja cidadania o cidadão tem que perceber o que se passa no meio em que está inserido.
Devia haver palestras e informação sobre o autismo e em determinadas licenciaturas como o ensino, enfermagem, medicina, sociologia, psicologia, etc e também para o cidadão comum para que, no conjunto, a sociedade esteja preparada para conviver com estas situações e pugne por um lugar ao sol para os autistas e tantos outros.
Abraço

São disse...

Querida, venho abraçar-te!
Fica bem.

Tiago R Cardoso disse...

Uma série informativa, que eu não tenho comentado mas que me tem ensinado muito, gostei do que li e aprendi, muito bem.

david santos disse...

Olá, Silêncio Culpado!
Estou contigo. O que contam são os sentimentos, porque pessoas que não os compreendam, os sentimentos, claro, não contam para nada. Andam, mas não conhecem os caminhos.
Parabéns

errando por aí disse...

Lídia
Este espaço não é autista. Mostra como são os sentimentos e que há caminhos para serem percorridos e mãos para serem apertadas.
O valor está na aproximação, no gesto solidário e na capacidade de interagirmos com o outro seja qual for a condição.
Bjs

SILÊNCIO CULPADO disse...

Martelo
O problema reside aí: em não haver políticas sociais adequadas às situações e que sejam resposta para as necessidades das populações envolvidas.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

MAR ARÁVEL
É urgente lutar pela humanização a todos os níveis.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

JOY
Ninguém pode amar o que não conhece. Abraçar causas que nos passam ao lado certamente que não vai acontecer. É nesse aspecto que as vozes que se fazem ouvir podem fazer toda a diferença.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mary
Concordo contigo. E não sei porquê, por pura intuição, acredito que haverá avanços médicos profundos que porão os autistas em condições de integração normal. Não direi que não fiquem resquícios, mas quem não os tem?
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Herético
Tenho as minhas visitas atrasadas por razões familiares e de falta de tempo.
O teu espaço é uma referência no mundo virtual e visitá-lo uma obrigação de todo o blogger que se preze.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Oliver
É uma esperança haver esses sinais. Mas há tanto por fazer e tanto quem não consiga!

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Michael
Para os ouvidos deixarem de ser culpados temos que lhes levar a palavra todos os dias.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raimunda
Minha querida, não estás esquecida. Mas por vezes o ritmo abranda porque temos muitas solicitações, nomeadamente a nivel familiar, que temos que dar resposta.
O meu filho está em franca recuperação. Prevê-ve que a partir de 23 deste mês já possa fazer uma vida normal.

Amanhã é o dia do Autismo. Vou apelar a uma postagem.

Beijinhos

SILÊNCIO CULPADO disse...

G.Brito
Amanhã é o dia do autista. Conto contigo para o assinalares no teu blogue.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

M.M.MENDONÇA
Há sempre algo que cada um de nós pode fazer pela causa e, por muito pouco que seja, muitos poucos fazem muitos e temos exemplos positivos de lutas que vão tomando corpo e rompendo fronteiras.

Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Louise
Boas sugestões. Nós temos que conhecer o mundo em que vivemos.

Abraços

SILÊNCIO CULPADO disse...

Tiago
Fiquei emocionada ao reencontrar-te. Foste dos meus primeiros comentadores e um amigo assíduo. É com orgulho que leio o que escreves e verifico essa capacidade imensa que está a transbordar.

Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

SÃO
Tenho as minhas visitas atrasadas mas quero repousar um pouco no teu espaço e sentir a mulher de carácter que ali respira.

abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

David Santos
É sempre um prazer encontrar-te e subscrevo inteiramente cada palavra tua.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sheila

Este espaço não é autista mas precisa de quem lhe dê força para que cumpra os seus objectivos solidários.

Abraço

Nilson Barcelli disse...

Este conjunto de posts sobre o autismo representa um trabalho com enorme qualidade, que é raro ver na blogosfera.
Parabéns pela iniciativa.

Beijinhos.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Nilson Barcelli
Obrigada amigo.
Abraço