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A CRISE DA PALAVRA



O que mais me assusta em tempo de crise é a crise da palavra. Uma palavra, viciada pela ausência de credibilidade, que nos faz recordar as referências perdidas algures nos confins da nossa cultura e da nossa História.

Vão longe os tempos em que a palavra dada era como uma escritura. Hoje mesmo as escrituras já não fazem jus às palavras dadas sempre com os juristas à procura duma “abertura” que as desvirtue em benefício dos seus clientes.

A retórica tomou conta dos nossos dias e já não é privilégio dos eruditos. Retiram-se conceitos duma informação profusa, também prostituída pelas palavras, que permite criar aquele suspense que faz manter presos aos ecrãs, e eventualmente às leituras, uma população ávida de emoções (leia-se escândalos) que mancham o brilho das estrelas mortais. Estrelas que precisa para poder viver os dias cinzentos mas que odeia por serem estrelas num mundo em que as diferenças de recursos se tornaram demasiado visíveis através da comunicação. E quem quer ser subalterno num mundo em que a comunicação apenas valoriza os vencedores?

Talvez a corrupção tenha as suas raízes nesta cultura pobre virada para o faz-de-conta. Para além da natural propensão do homem para passar pelos intervalos da chuva, existe essa atracção pelo brilho fácil que o redime das frustrações internas que carrega e pesam como uma cruz. E este homem moderno, diminuído perante si mesmo, encontra poderosos aliados nos políticos e em todo um poder sustentado pelos media desvirtualizados, e pobres de conteúdo, para servirem nãos as causas mas os seus senhores.

E tudo porque as palavras já não valem o que valiam descoberta a ciência de as alinhar e colocar dizendo o que não se diz de forma socialmente correcta e conceptualmente devastadora.

O que interessa aos políticos não é exactamente o que interessa ao povo que dizem defender. O que interessa aos políticos é derrubarem o poder e o poder em não se deixar derrubar. As palavras são instrumentos colocados ao seu serviço para cumprir esta missão perversa. E o povo entra no jogo e bate palmas porque foi convencido de que está a participar e que estão a ser respeitados os seus desejos. Todos os dias chovem justificações que, como gotas de água, caem na terra inóspita queimada pelo sol dos dias.

As recompensas ao povo que bate palmas vêm em forma de ilusões de igualdades, que cada vez estão mais distantes, mas parecem sempre mais ao seu alcance. E assim se consome o que não se precisa. E assim se contraem dívidas mais e mais.

E assim há quem lucre com os dias stressantes que atiram para os psiquiatras e psicólogos mais de um quarto da população. E assim aumentam os crimes e os assaltos por vezes apenas para se obterem bens supérfluos, esses supérfluos da igualdade fictícia que lhes foi incutida por uma cultura pobre.

As soluções vêm em forma de palavras num mundo sem palavra. As soluções vêm em forma de justificações que servem aos senhores das rendas baixas nas casas de Lisboa, aos grandes casos mediáticos a serem julgados em tribunais onde a palavra dos advogados, pagos a peso de ouro, faz ressonâncias que emudece a força de muitas outras palavras.

A falta de confiança veio para ficar. E como poderemos exigir confiança a um mundo sem palavra?

Num dia carente de palavra olhando, em meu redor no mar de justificações com que se justifica o injustificável, numa crise que se adensa porque a confiança morreu, sonhei com Egas Moniz, o célebre aio de D. Afonso Henriques que se entregou com toda a família nas mãos do Rei de Castela por o seu amo não ter cumprido a palavra.

Mas foi um sonho apenas que veio acompanhado duma viagem aos tempos em que nos contavam estas histórias como uma referencia em que a palavra era soberana.

Tempos em que se morria na ignorância doutros mundos e doutras realidades mas que se desconhecia esta comunicação vendida e manipulada para servir quem serve.


66 comentários:

Isabel Filipe disse...

"....

A falta de confiança veio para ficar. E como poderemos exigir confiança a um mundo sem palavra?
..."


é isso mesmo.


parabéns pelo teu texto que está soberbo. gostei imenso de o ler.

beijinhos

Anónimo disse...

Explendida e verdadeira postagem! A palavra com velha ou nova ortografia perdeu credibilidade. Uma lástima!
Obrigado pelo comentário no Varal e convido-a para VOAR conosco! Ainda é tempo!

Bjs

Isamar disse...

Já nem a palavra vale o que valia! Reina sua majestade o descrédito. Lamentável!

Beijinhos

Bem hajas!

Maria disse...

Nem todos os políticos são iguais.
E o povo sabe. Cada dia que passa mais povo fica sabendo...

Um beijo

Pata Negra disse...

Como sempre, a lucidez a autoridade da palavra registam-se aqui.
Totalmente em concordância. As pessoas tomaram como meta da sua realização pessoal, o sucesso, o vencer na vida e, mesmo que não o consigam, tomam como referências aqueles que o conseguem. Só assim se explica o perfil dos políticos e governantes que temos, o carácter dos atletas e dos presidentes dos clubes, a ética dos maior parte dos empresários e dos chefes de divisão, etc.
Silêncio, tens escrito pouco porque não és ouvida como mereces?
Um valoroso abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Isabel
Este "não acreditar" é um processo doloroso com custos elevados quer para o País quer para cada cidadão per si que perde os laços afectivos em troca de ilusões e glórias que são apenas para os outros, aqueles que os manipulam.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Rduardo

Vou tentar voar mas os meus pés estão muito presos ao chão com todo um conjunto de acontecimentos que estou a enfrentar.
Mas os teus espaços são referências que não esqueço.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sophiamar

O descrédito é a ruína pessoal e colectiva. É dessa ruína que temso que ressuscitar.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Maria
Ainda haverá pessoas sérias neste mundo de Cristo mesmo entre os políticos mas não estou muito optimista quanto aos resultados.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pata Negra

Nenhuma sociedade que se individualiza e perde os seus laços solidários consegue progredir.E quando falo em laços solidários falo em afectos e partilhas autênticas e não em figuras rídiculas que encarnam caridades humilhantes.

Realmente tenho escrito menos e visitado menos. Não porque os meus amigos virtuais não mereçam e eu não goste destas trocas de opinião. O que acontece é que estes últimos tempos têm sido difíceis para mim. Perdi (por morte) amigos chegados e estou preocupada com a saúde duma outra pessoa de família.
Mas vou reagir, acredita.

Abraço

C Valente disse...

De facto cada vez a palavra soa mais a oca, sem credibilidade, especialmente na boca dos politicos
Saudações amigas

Oliver Pickwick disse...

Vivemos a época da predominância dos projetos pessoais, especialmente no segmento dos políticos. Ou chamamos o Gepetto para implantar um dispositivo igual ao do Pinóquio nos narizes daqueles praticantes de retóricas vãs, ou os eliminamos negando-lhes o voto. Por mim, os apedrejaria como faziam os antigos povos orientais.
É nessas horas que acho o Hamurábi natural.
Um beijo!

Branca disse...

Olá Lídia,

O teu texto está impressionantemente lúcido e escrito com grande talento. Fazes um retrato completíssimo da situação. Mas numa sociedade em que o espírito crítico não abunda nem é ensinado é difícil que as pessoas não se mantenham alienadas e se não estão também é difícil criarem um equilíbrio com as pressões num mundo de trabalho cada vez mais feroz em que não se dá lugar à humanidade, não se permite que haja vida e alguns arrastam-se já só pela sobrevivência.
É interessante o problema que desenvolves das ilusões criadas, aprender a viver sem espírito consumista é algo que a pouca gente interessa ensinar e aflige até ver como o poder económico nos trata de forma estúpida, como se fôssemos uma cambada de burros com campanhas publicitárias às vezes completamente fora de bom senso e sem inteligência nenhuma, atolhando-nos de talões de descontos, montes de cartões que mais apetece deitar ao ar e acabam por ser mais um factor de stress, a forma como se aproveitam das necessidades ecológicas do planeta e hipocritamente iludem os clientes com as campanhas de associação que fazem em defesa do mesmo, poluindo-o por outro lado de forma atroz.
Há dias desatei a rir pelo ridículo quando vi num supermercado saquinhos ecológicos de plástico, que rebentam como os outros, mas têm a diferença de terem um custo para o cliente e como não se vendem colocaram-nos estratégicamente na caixa, fazendo dois em um, amarradinhos com mais três velinhas em forma de favo de mel,ih!ih!ih!, dava vontade de rir mas era triste ao mesmo tempo. Estava com a minha filha e aproveitei para lhe explicar porque me ria daquela conjugação pouco coerente de sacos e velas.
Muito haveria a dizer ainda, não me sobra neste momento o tempo, nem é o espaço próprio, daria um longo post.
Quanto à falta de palavra, nem se fala, é impressionante, começa pelos meios de comunicação que deviam ter um papel didáctico e já nem confirmam as notícias, em nome do imediato e das audiências.
Fica a impressionante reflexão que deixaste. Oxalá ela se estenda a muitas pessoas.
Obrigada.
Bem hajas.
Beijinhos
Branca

António de Almeida disse...

O que interessa aos políticos é derrubarem o poder e o poder em não se deixar derrubar.

-Esta frase subscrevo-a na integra. Lembrem-se da recente votação do plano Paulson no Congresso dos EUA (esqueçam se estão contra ou a favor, esqueçam os EUA e até o W.Bush), muitos ficaram admirados, como é possível que um diploma apoiado pelos 2 partidos, pelos 2 candidatos presidenciais, elaborado pelo actual governo, possa ter sido rejeitado? A resposta é simples, os congressistas por lá são independentes, representam-se a si próprios, apesar de serem apoiados por partidos, mas não assinam declarações de renuncia a mandatos sem data, como acontece por cá. Também não existe disciplina de voto, por cá ficamos todos admirados se algum deputado recusa entrar no rebanho e obedecer ao chefe. Com o nosso sistema político não vamos lá, mas estarão os nossos políticos interessados em alterar algo? Porque se alterarem podem aparecer outros melhores, se continuar tudo na mesma permanece a carneiragem, muita dela incapaz de encontrar outro pasto.

Anónimo disse...

Silêncio,

a falta de verdade é directamente proporcional à falta de palavra. Aquela tal palavra dada que era um contrato firmado com um aperto de mão. Quando dás a tua palavra, de boa vontade, acreditando no que te dizem, acreditando em pessoas e instituições e és desrespeitado, insultado e traído... leva-te a pensar antes de dares a palavra!
Mas eu sou um acérrimo defensor da verdade. Em minha opinião a inverdade, a traição e o oportunismo são os valores da desconfiança a que chegámos.
A coragem, a determinação, a abnegação cederam ao ilusionismo dos artistas públicos que vendem a sardinha ao preço da corvina. Falam, prometem e fazem absolutamente o inverso. Depois, quando precisam dos outros, voltam a mentir e a prometer. É preciso aprender a dizer: -NÃO!
É preciso ter palavra e manter um rumo, mesmo que isso nos cause algum desconforto no dia-a-dia. Mesmo que isso seja um motivo para que nos atirem pedras. Logo me lembro dos telhados de vidro que escondem; por isso que bem sabe ter a consciência tranquila.
Palavra de Honra!

Fica bem

Rafeiro Perfumado disse...

Faz-me lembrar o político que apregoava que a sua palavra era só uma. Perante a dúvida do seu assistente, respondeu:
- Claro que é só uma, eu dou-a e as pessoas devolvem-ma!

Beijoca!

Zé Povinho disse...

A falta de confiança nos políticos é directamente proporcional às mentiras com que nos brindam. Crise? Sim, para muitos de nós, mas ainda há alguns que estão protegidos como nos vamos apercebendo com as medidas que vão sendo tomadas.
Abraço do Zé

AJB - martelo disse...

palavra de honra ? ah, sim, esse valor que se perdeu entre muitos... ainda assim há alguns poucos que teimosamente insistem em bater na tecla, não porque sejam diferentes, mas porque apesar de tudo esse e outros princípios fazem parte da sua natureza... simplesmente não conseguem agir de outro modo.

abraço e ânimo

Peter disse...

Este texto é um "mundo" de temas a abordar. Fixei-me neste:

"Talvez a corrupção tenha as suas raízes nesta cultura pobre virada para o faz-de-conta."

E pensei que a Maria José Morgado seria a pessoa indicada para ministra da Justiça.

ManDrag disse...

Salve Lídia
Os mudam-se os tempos, mudam-se as vontades; cantava o poeta.
Neste mundo voraz perdeu-se o valor da palavra e a eloquência do silêncio.
Eu perfilo-me naqueles que ficam esperando para ver no que vai dar. Mas por este andar não será muito bonito não.
Quanto aos meus valores, guardo-os para mim e mantenho-me fiel a eles. Não posso incutir nos outros o que eles não querem receber.
Abraço.
Salutas!

vieira calado disse...

É uma dura verdade. Dar a palavra de honra (ou jurar em tribunal, sobre a Bíblia) já nada significa, para uma quantidade gente.
Para onde vamos?
Bjs

Odele Souza disse...

Lidia,

Mais um dos teus textos "cabeça" como se diz por aqui.Um estímulo à reflexão e infelizmente à constatação de que sem palavra não pode mesmo haver confiança. É a derrota total da credibilidade.

Um forte abraço.

José António Borges da Rocha disse...

Outrora dizia-se "a falar é que a gente se entende", hoje ironicamente e numa espantosa inversão de conceitos é certo e sabido que "a falar é que cada vez mais a gente se desentende"...
Porqu~e?
É simples, segundo julgo.
A democracia original e á portuguesa criou um cliché semãntico e que é o seguinte: DUAS PESSOAS SÓ SE ENTENDEM SE ESTIVEREM DE ACORDO...
daí a partidarite.
Mas a verdade verdadeira é que duas pessoas para se entenderem não necessitam de estar de acordo: NÃO É VERDADE?

saudação amiga

São disse...

Minha querida Lídia, ao ler este teu texto tão lúcido recordei esta afirmação :"O maior mutismo não é o silêncio, mas sim as palavras".
Um abraço com muitas saudades.

Compadre Alentejano disse...

Palavras, há pelo menos duas: a nossa e a do outro. Tal como a verdade não é única, pois pode ter várias versões.
Ainda me lembro que havia um jornal que, junto ao título, tina a frase: A VERDADE A QUE TEMOS DIREITO. Era "O DIÁRIO", ligado ao PCP, e que entendia que só tínhamos direito a parte da verdade...
Muito havia para dizer...
Um abraço
Compadre Alentejano

Vivian disse...

...venho de um país onde tudo se faz de conta...

os politico faz de conta que trabalha para seu povo,

e seu povo faz de conta que acredita nele...

bjsss brasileiros pra você!

muahhhhhhh

Templo do Giraldo disse...

Olá cara amiga estou de passagem para te deixar uns saudosos cumprimentos.

Nos ultimos tempos não tens dito nada, quando quiseres passa lá no meu espaço.

Bom fim de semana.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querida Amiga Lídia, já não á palavra, como aos anos atrás onde um aperto de mão tinha o valor de uma escritura!
Hoje a falta de confiança veio para ficar... Onde está o comprimisso, nada!!!
Desejo-te um belíssimo fim de semana, beijinhos do coração,
Fernandinha

fotógrafa disse...

Obrigada pela visita.

Acalma o teu coração,
se queres ver as belezas,
com que Deus te presenteou...

Só ouvindo no silêncio,
entenderás a musica que te sai da alma,
e poderás assim saber o porquê do teu viver!

(Fotografa)

Bom fds
abraço

Lúcia Laborda disse...

Oie linda! Hoje já não se tem como acreditar muito nas assinaturas, quanto mais nas palavras.
Belo post!
Bom fim de semana! Beijos

SILÊNCIO CULPADO disse...

C.Valente
E com essa palavra cada vez mais oca vamos perdendo os nossos valores e as nossas referências.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Oliver
Projectos pessoais, individualismo, egoismo e indiferença.
Um homem solitário é procura de si mesmo que reverte nos outros as suas frustrações e apoia manipulado os que o tornaram tão pobre de valores e de afectos.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Brancamar
Também me choca, amiga, que sejamos tratados como burros ou simples marionetas. Mas não é isso que somos? Não estamos nós sempre prontos a ser cada vez menos como pessoas e a querermo-nos impor à custa do supérfluo?
Não procuram os fazedores de doutrinas as luzes da ribalta em vez da obra anónima mas valorosa?

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida

Sou contra a disciplina de voto que coarcta a liberdade e a capacidade de discernimento. Mas também considero que quem vota contra o seu partido em questões crucais, e de forma constante, deveria ter a hombridade de entregar o cartão.
Outro aspecto a ter em linha de conta é que uma crítica construtiva se distingue em tudo do achincalhamento a que, infelizmente, nos estamos a habituar.
Dizer mal só para se afirmarem como oposição só beneficia o alvo atacado.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas

Concordo com tudo isso. A mentira e o embuste passaram a ser moeda corrente e quem procura ser igual a si próprio, nos valores e na sinceridade, farta-se de apanhar na cabeça.
Os caminhos mais fáceis nem sempre são os melhores e eu sou dos que acreditam que quem boa letra faz alguém um dia a há-de ler. É preciso acreditar nisso sob pena de hipotecarmos à partida o futuro duma humanidade mais evoluída e promissora. Uma humanidade que, na era actual, se autoflagela com fogos fátuos.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Rafeiro Perfumado

Essa tem imensa piada. Realmente é isso que se passa, Infelizmente.

Abraço

amigona avó e a neta princesa disse...

Minha querida amiga pude finalmente matar saudades...aqui tens mais um dos teus textos que nos prende desde o princípio ao fim!!!
Temos que continuar a acreditar que é possível mudar...que é possível devolver a palavra ao seu lugar...se muitos acreditarmos é posível...um abraço...

mfc disse...

Já naqueles tempos os governantes não tinham palavra!

O Árabe disse...

Assim é, amiga Lídia: a crise da palavra apenas evidencia a crise moral, que deflagra todas as outras :( Bom fim de semana, é sempre bom saber de ti!

Mac Adame disse...

Talvez não fosse má ideia: como Egas Moniz, irem-se entregar ao rei de Espanha. Parece-me até que o motivo podia ser o mesmo. Abraço. Ah, grande texto!

peciscas disse...

Costuma-se dizer, há muito tempo, "palavras leva-as o vento".
Mas é triste assistir a esta crise de valores que alimentam essa crise de confiança, cada vez mais instalada.

Anónimo disse...

"A retórica tomou conta dos nossos dias e já não é privilégio dos eruditos."

Gostei muito da palavra "eruditos"... soa-me a corruptos, a intelectuais, a incapazes e tantas outras anormalidades...

Saudações

A Flor disse...

Olá Querida! :D

Infelizmente a "palavra de honra" cada vez tem menos adeptos... mas ainda há aqueles que se regem por esses valores... para mim, quero ainda acreditar que a palavra de uma pessoa de bem, tem igual, ou mais, valor do que um simples papel....

Quero acreditar que não se irá perder esses valores.... nesta sociedade tão "impessoal"...

Parabéns pelo que escreveste, assino por baixo... plenamente de acordo contigo! :D

Vi numa das tuas respostas que ainda não estás refeita da perca de pessoas amigas... isso levará tempo amiga... mas onde quer que elas estejam, não te querem ver triste, desanimada... a vida(esta) é simplesmente uma passagem... haverão de se encontrar algures por ai....

Desculpa a minha ausencia, o meu silêncio, mas tenho tido tanto tanto trabalho e muitas actividades, que não tenho tido tempo de lazer para a Net, mas tenho-te no meu coração.. tudo a correr bem contigo, é o que te desejo Amiga :D

Xi-coração bem apertadinho


Flor

Jorge P. Guedes disse...

A SOCIEDADE DO ESPECTÁCULO ESTÁ ENRAIZADA E AO RUBRO!
O "TER" a esmagar o "SER".

Um abraço.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Zé Povinho

A crise da palavra é directamente proporcional ao embuste a que nos habituaram.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Martelo

Ainda bem que há os que não conseguem agir doutro modo e que ainda têm palavra.
Talvez através destes se consiga um mundo mais justo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter

Duvido que uma só pessoa consiga mudar este estado de coisas.
A corrupção parece ser um mal que veio para ficar porque é um mal que não se dilui com falinhas mansas.
Possivelmente só com uma ruptura abrupta que dê origem a um novo ciclo poderemos ter uma realidade diferente.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

ManDrag

Eu nunca perco a esperança. Especialmente quando encontro pessoas como tu.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Vieira Calado


Para onde vamos?

Esta pergunta assusta.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Odele

Apesar da derrota da credibilidade por falta de palavra eu ainda acredito. Basta ver a solidariedade que se ergueu em torno do caso de Flávia para que se pense que nem tudo de bom morreu nas nossas sociedades.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Viriato

Nem sabes quanto concordo com isto: "A democracia original e á portuguesa criou um cliché semãntico e que é o seguinte: DUAS PESSOAS SÓ SE ENTENDEM SE ESTIVEREM DE ACORDO...
daí a partidarite.
Mas a verdade verdadeira é que duas pessoas para se entenderem não necessitam de estar de acordo: NÃO É VERDADE?"
Aceitar a diferença é evoluir.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

São

Realmente, amiga, as palavras podem ser dum silêncio culpado, quando escondem, mistificam e servem os seus donos e não a procura da verdade e do esclarecimento.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Compadre

E que bem me lembro "dessa verdade a que tinhamos direito" propalada pelos donos da verdade absoluta sem direito a contraditório.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Vivian

Sê benvinda a Silêncio Culpado. Realmente palavra de político, de tão pouco credível, tanto se assemelha em qualquer parte do mundo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Templo de Giraldo

Obrigada pela visita.Logo que possa irei retribuir.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Fernanda


Quem lê os teus belissímos poemas esquece que há falta de palavra ou que as palavras podem ser terríveis.

Boa semana também para ti.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Fotógrafa

Lindo poema e linda mensagem. Assim a escutassem todos os corações.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Olhos de Mel

Não acreditamso na sassinaturas. Não acreditamos nas palavras.

O mundo fica um lugar inóspito onde não apetece viver.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Amigona

É isso, amiga, "Temos que continuar a acreditar que é possível mudar...que é possível devolver a palavra ao seu lugar...se muitos acreditarmos é possível..."

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

mfc

Os governantes/dirigentes com palavra são (foram) muito poucos e muitos pagaram na prisão e com a vida o facto de não se venderem.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Árabe

"a crise da palavra apenas evidencia a crise moral, que deflagra todas as outras"


Nem mais.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mac Adame

Mal por mal deixa-me lá ser portuguesa.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Peciscas


Esta crise de valores pesa demais. Mina a nossa identidade e retira força à nossa construção.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas

Realmente na época presente a "erudição" ostensivamente traduzida em diarreia oral para apanhar pardais tem muito a ver com o embuste e a manipulação.
Porém, no texto, o meu pensamento estava com uma população que tinha menos acesso à informação até porque não dispunha das tecnologias actuais, menos alfabetizada e menos escolarizada.
Os "eruditos" (atenção que não quero dizer os mais cultos) eram, frequentemente,os donos da palavra e da retórica.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

FLÔR

Eu também quero acreditar que ainda há pessoas com palavra. Melhor, tenho que acreditar para que a minha vida faça sentido e eu possa continuar.


Obrigada pelas palavras em relação às pessoas que perdi.Não é fácil habituarmo-nos à ideia até porque eram pessoas que tinham ainda muito para dar e que foram apanhadas numa curva da vida.
E têm sido umas atrás de outras.


Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Jorge

Tem que acontecer uma inversão neste desvario fútil e desumanizante sob pena de perdermos o sentido das coisas.

Abraço