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A MÁSCARA


Que todos usamos uma máscara na nossa relação com os outros, não é uma novidade. Ao longo da história da humanidade vários estudiosos e pensadores falaram da representação do ser no palco da vida.


Shakespeare dizia mesmo que a vida era toda ela uma representação em que cada um desempenhava o seu papel. Porém, mais recentemente, novos paradigmas sociológicos começam a mostrar uma realidade mais trabalhada que aprofunda os nossos relacionamentos.


Na segunda metade do século passado o sociólogo canadense Erving Goffman em A APRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA DE TODOS OS DIAS, dá uma autêntica pedrada no charco apresentando o ser humano como alguém que se prepara nos bastidores para uma representação que lhe permite passar uma determinada imagem de si mesmo.

Uma imagem elaborada e trabalhada longe dos olhares perscrutadores quer nas divisões da casa onde se prepara para aparecer aos outros (quarto, WC, etc) quer a nível conceptual quando distribui a si próprio um determinado papel. Um papel que esconde as suas fragilidades e os seus medos e que o faz assumir uma importância central que tal como uma máscara esconda o rosto das suas imperfeições.

Porém é no pós-modernismo de Michel Foucault que vamos buscar os ingredientes que nos faltam para esta sustentação.

Com uma irreverência que afronta todos os preceitos estabelecidos, este filósofo que veio a falecer em 1984 vítima de complicações provocadas pelo AIDS, fala do homem social em todas as suas vertentes, com notável desassombro e clarividência.


Porque Foucault defende que o homem é um lobo quando nasce e é essa condição que a sociedade lhe retira quando o socializa. O lobo fica “amansado” através das regras e das normas sociais, que o constrangem e o manietam.

Porque o homem tem comportamentos que não são exactamente os condizentes com a sua natureza, através da educação que recebe e que o ensina a não gritar, a esconder as emoções, a ser recatado nas suas manifestações mais íntimas. Ou seja, para o Foucault o homem será tanto mais “educado” quanto mais se afasta de si mesmo.


Os autores citados, a título exemplificativo, fazem parte duma vasta grelha que pretende remexer na natureza humana, esgotar factos e apresentar argumentos que justifiquem as contradições que cada um apresenta e que, ao invés dos animais, nas suas sociedades de regras simples e concretas, lhes aportam a infelicidade e a insatisfação provenientes da solidão mais funda que se pode sentir e que consiste em não retirar a máscara nem perante si mesmo.


O medo das sanções e de assumir a sua parte mais tenebrosa será, na perspectiva dos psicólogos, a causa primeira para as frustrações que com Edmund Freud passaram a ser possíveis analisar através da psicanálise tendo sempre em conta a resistência que cada um apresenta a que alguém viaje ou permaneça na sua zonas de sombra ou de penumbra.

Apesar dos consideráveis avanços da psicologia a alma humana continua a ser uma fortaleza inexpugnável de abismos, tempestades e contradições.

E a sociedade presa a um poder que dita e sugere a validade das actuações, continua a não respeitar o homem na sua natureza forçando-o a pôr a máscara que o deixa isolado dos seus semelhantes.


*imagem retirada da net

87 comentários:

Silvia Madureira disse...

Lídia:

Um texto interessantíssimo que iria comentar mas decidi ler outra vez. até já

Silvia Madureira disse...

"Ou seja, para o Foucault o homem será tanto mais “educado” quanto mais se afasta de si mesmo. "

Lídia:
Achei esta frase interessantíssima. Uma parte do que li foi apreendida quando tive Psicológia. Siceramente...é um prazer que pessoas como tu se passeiem pela blogosfera.

De facto é isto mesmo...afastados de nós...porquê? Penso que devido a um conjunto de pressões sociais, estigmas, paradigmas culturais que não nos permitem encontrar o nosso "eu"...

Claro que há quem já tenha encontrado...parabéns! Mas ainda exite quem busque...e então começa a ficar baralhado entre aquilo com o qual se sente bem e aquilo que a sociedade critica.

A sociedade é muito dura...quando decide "cortar as asas do nosso voo" ela corta simplesmente. A pressão social focada em aparências ...é muito forte...

É preciso ir vivendo, principalmente é preciso que não nos deixemos sufocar pelas amarras que nos possam vir a criar...

Penso que urge nascer o HOMEM e a MULHER que temos dentro de nós para conseguirmos dizer não mesmo quando queiram que digámos sim...

Penso que o mais importante é o nosso equilibrio e a busca dele entre trilhos e caminhos.

beijo

José Lopes disse...

Todos os nossos comportamentos são escrutinados pela sociedade que nos rodeia. Por vezes temos que calar a nossa indignação, outras vezes reprimimos até o elogio.
Não sei se será propriamente uma máscara que usamos para nossa defesa, ou por vaidade, porque no contacto continuado vem sempre à tona o nosso verdadeiro eu.
Mesmo amando a sinceridade e a verdade, somos obrigados a reconhecer que nada é absoluto, salvo a morte.
Tema difícil e desafiante este, mas que eu terei de ponderar a outras horas.
Cumps

lua prateada disse...

Interessantícimo amiga, quanto haveria a ser discutido sobre um tema tão nosso, logo...tão nobre!...

Nas amarguras da vida
Há sempre um quê de nós
Que nos avisa, que nos diz
"Como és querida"!...

Mas tais palavras são suficientes
Para não me sentir perdida.
E assim por aqui te deixo um feliz
fim de semana e um carinho de amiga.

Beijinho prateado
SOL

Pata Negra disse...

Credo! Silêncio, também não erta preciso ir tão fundo! Basta de mexericar na nossa essência! Correntes de Foucault? Diz-te alguma coisa? Procura no Google, talvez percebas alguma coisa de mim! Eu sou uma corrente de Foucault, indução... ai como eu estou hoje!
Um abraço mascarado

amigona avó e a neta princesa disse...

Ai Lídia hoje isto está muito pesado! Desculpa amiga mas só dá para te deixar um grande abraço...

Odele Souza disse...

".... através da educação que recebe e que o ensina a não gritar, a esconder as emoções, a ser recatado nas suas manifestações mais íntimas...."

E por trás da máscara restará um ser humano triste.

Um beijo.

C.Coelho disse...

"A sociedade presa a um poder que dita e sugere a validade das actuações, continua a não respeitar o homem na sua natureza forçando-o a pôr a máscara que o deixa isolado dos seus semelhantes."

Será que o homem conseguiria viver sem máscara?

Bjs

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SILÊNCIO CULPADO disse...

Silvia
É verdade que a sociedade é muito dura para com os indivíduos mas não podemos esquecer que é também na sociedade que os indivíduos encontram alimento pra o seu sustento fisico e intelectual.
Também os animais têm as suas sociedades com as suas regras e os seus constrangimentos. E também as suas hierarquias.
Esta dissertação é apenas uma dissertação com vista a uma salutar troca de ideias.

Acredito na spessoas e no ser solidário apesar de tudo.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Guardião
Todos nós temos a nossa máscara. Ninguém por mais sincero diz tudo, absolutamente tudo a alguém. Nem mesmo para si próprio admite absolutamente tudo. Os indivíduos receiam as sanções e receiam sentir-se diminuídos aos olhos dos outros. Por essa razão procuram não defraudar as suas expectativas.
Penso que o mais importante não será propriamente a máscara mas a forma como a utilizamos.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Lua Prateada
Obrigada amiga pela tua simpatia e pelas tuas palavras incentivadoras.
Um abraço e tem um resto de bom domingo

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pata Negra
Não estou a remexer na nossa interioridade. É um tema como qualquer outro.E estou cansada da política mas um dia destes também falo sobre isso.
Conheço as correntes de Foucault e sou uma apreciadora.
Gosto de te encontrar lá de forma indutiva.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Amigona
Já percebi que está pesado.
Um abraço, querida.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Odele Souza
Por vezes por detrás da máscara aparentemente feliz e tranquila está alguém que sofre terrivelmente e que anseia por uma mão que aperte a sua.
Há que encontrar o caminho para os bons amigos.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

C.Coelho
Suponho que não que o homem não conseguirá viver sem máscara. Mas a sociedade não é um confessionário. Há sempr eum espaço de liberdade para os nossos segredos.
Mas procurando sempre o diálogo e a transparência como objectivos a alcançar.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Não pretendi fazer um texto académico mas apenas retirar algumas ideias como base para troca de impressões.
Aqui não há absolutismos. Claro que há diferentes opiniões sobre o mesmo tema é isso que torna o tema interessante. Se fossemos todos dizer a mesma coisa sobre o mesmo assunto o mesmo não teria graça nenhuma.

Abraço

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Penso que o que é importante não é o anonimato mas a forma como nos portamos quando fazemos uso dele.
Durante muito tempo eu fui apenas Silêncio Culpado, não dava o nome nem o rosto. A páginas tantas, e por curiosidade de terceiros, decidi identificar-me mas se não o tivesse feito era exactamente a mesma pessoa.
Tal como sou a mesma pessoa quando comento como Nómada ou como Ninho de Cuco. E comento sob outro nick porque esses blogues têm uma linha editorial própria e visitantes próprios a quem retribuo a visita. Porém o meu tempo não é elástico e neste momento estão muito descurados.
Relativamente ao Sidadania, tanto quanto sei não está encerrado. Tudo é caso de vida e não de morte e tem que se postar de acordo com as nossas disponibilidades.
Não conheço pessoalmente o Paulo e o Raul mas gostava de os conhecer.
Posso ser uma má socióloga mas não me considero uma má pessoa.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Concordo que o que é importante é que sejamos puros ou pelo menos que procuremos ser o mais transparentes e solidários possível como orientação de vida.
Não importa o rosto nem o nome. Se mudarmos o nosso visual não deixamos de ser quem somos.
Quanto a mensagens de correio electrónico e outros estratagemas, eu não ligo. Pura e simplesmente não ligo.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pata Negra
Fui ao Google e concluí que afinal não conheço as correntes de Foucault a que te referes. Realmente as trocas de ideias são fabulosas. Deixo aqui a definição da wikipédia:

"Corrente de Foucault (ou ainda corrente parasita) é o nome dado à corrente induzida em um condutor quando o fluxo magnético através de uma amostra razoavelmente grande de material condutor varia. O nome foi dado em homenagem a Jean Bernard Léon Foucault, que estudou esse efeito.

Em alguns casos a corrente de Foucault pode produzir resultados indesejáveis, como a dissipação por efeito Joule, o que faz com que a temperatura do material aumente. Para evitar a dissipação por efeito Joule, os materiais sujeitos a campos magnéticos variáveis são frequentemente laminados ou construídos com placas muito pequenas isoladas umas das outras.

O Efeito pelicular em condutores é uma forma de manifestação da corrente de Foucault, no qual a corrente elétrica tende a fluir na periferia do condutor."

Temos pois um Foucault que nada tem a ver com o Michel Foucault a que me refiro no texto.

Pata Negra espero que as corrente sinduzidas não te provoquem um temperatura tal que...

Abraço esquentado

Carol Bonando disse...

Meu blog logo retorna,
espero te-lo presente nessa re-abertura...
bjs

Odele Souza disse...

Lídia,
Já tendo comentado este teu post, passei apenas para te deixar um abraço e reafirmar minha admiração, amizade e carinho por ti. E sinto isto por ti, por que és uma mulher inteligente, sensível e solidária.

Boa semana amiga.

Paulo disse...

"Porque Foucault defende que o homem é um lobo quando nasce e é essa condição que a sociedade lhe retira quando o socializa. O lobo fica “amansado” através das regras e das normas sociais, que o constrangem e o manietam"

É, por vezes, este "lobo amansado" que ganha novo folgo quando a socialização é baseada em conceitos pouco crediveis...
Hoje, o homem é um "lobo de si mesmo"....

Beijo
Paulo

Anónimo disse...

Lidia,

obrigado pelas visitas e comentarios no Varal, aqui de Habat, Marrocos mando bjs

M.MENDES disse...

Lídia
As máscaras por mais bem afiveladas acabam sempre por deixar ver o verdadeiro rosto. Os falsos amigos mostram as suas garras e ninguém engana ninguém. Alguns escondem-se melhor que outros durante mais tempo e é só isso.
A pessoa formidável que está em ti revela-se na paciência que tens para aturar desaforos que já ninguém atura.
Beijos

Jorge P. Guedes disse...

Cara Lídia:

Não concordo com Foucault quando apresenta o homem, á nascença, como "um lobo".
No conceito que se faz de "lobo" existe uma carga de agressividade selvagem que não me parece ser característica do ser humano quando nasce.
Dizer que é um ser livre, quando nasce, a que a sociedade impõe regras e vai retirando individualismo e livre pensar e agir já me parece adequado.
Com o artigo em geral, muito bem elaborado e conduzido, já concordo, e a conclusão no último parágrafo afigura-se-me bastante acertada.

Um abraço e uma boa semana de labuta.
Jorge P.G.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SILÊNCIO CULPADO disse...

Carol Bonando
Obrigada pela visita. Quando puder irei visitar-te.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Odele Souza
Há sensibilidades que têm uma linguagem unívoca. Obrigada pela visita.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Paulo Sempre
Concordo com a visão dos conceitos pouco credíveis para amansar o lobo.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

M.M.MENDONÇA
Agir sempre de acordo com a nossa consciência. O resto virá por acréscimo. A verdade é como o azeite, virá sempre ao de cima.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Jorge P.G.
Gostava de acreditar na tua visão de retira essa carga de agressividade ao homem quando nasce. Aliás faz-me bem ouvir a opinião de alguém que acredita que nascemos bons.
Mas tenho as minhas dúvidas...

Abraço

O Árabe disse...

Constatação verdadeira, e muito bem expressa. Não poucas vezes nos ocultamos até de nós mesmos! :) Boa semana, Lídia.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Obrigada pelo exaustivo comentário. Bastante esclarecedor.
Saudações

SILÊNCIO CULPADO disse...

Árabe
Obrigada meu amigo pelas tuas palavras.
Boa semana também para ti.

Abraço

António de Almeida disse...

-O mais engraçado é que até existe quem use máscara no conhecimento que tem de si próprio, quanto mais na relação com os outros!!!

ARTUR MATEUS disse...

Lídia
Há máscaras e máscaras. Há máscaras de carnaval e há bandidos mascarados.
Sou um aficcionado por mascaras mesmos as da blogosfera. É uma espécie de second life em que cada um se apresenta como lhe convém. À medida que trocamos impressões formamos opiniões sempre mais consistentes.
Obviamente que não temos que justificar se fazemos parte do mesmo grupo de amigos, da mesma organização e se utilizamos ou não a mesma rede de computadores. Cada pessoa é um caso e responde por si se tiver que responder.
Pessoalmente considero que quem prevarica passando os limites aceitáveis de relacionamento deveria ser responsabilizado.
Não me importava nada de registar o blogue com bilhete de identidade e tudo.
É um tema que dá para falar e nunca mais parar. Mas estou como o comentador António Almeida se nós até para nós próprios usamos máscara...
Beijos

Eternamente disse...

Lídia
Não é só a sociedade que força o homem a pôr a máscara. Cada pessoa em si não consegue prescindir dela.
Há segredos que não partilhamos e há segredos que partilhamos com uns mas não com outros.
Bjs

Teresa Durães disse...

a agressividade encapotada também é a faceta oculta do ser humano. toma a máscara de defensor de direitos não reclamados quando no fundo é apenas o descarregar de frustrações. assim o penso

Menina do Rio disse...

Somos moldados pela educação e pela sociedade, embora tenhamos comportamento social individualizado. Não fosse a sociedade, estaríamos vivendo como os animais. As máscaras poderiam ser descritas como hipocrisia, mas são um mal necessário à sobrevivencia, infelizmente!

um beijo pra ti querida e um ótimo começo de semana

AJB - martelo disse...

talvez, porque os nossos gestos são permanentemente condicionados, uma forma teatral de existirneste palco...
bj

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ray Gonçalves Mélo disse...

Oi Lídia, querida volteii, e quero deixar está música de uma roqueira brasileira em referência ao seu texto.

Ps. Olha amei ver tua nova foto em meu blogger.Você é linda, te vendo me sinto mais perto de ti.....
************************************

Máscara
Pitty
Composição: Pitty

Diga!
Quem você é?
Me diga!
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida...

Tira!
A Máscara
Que cobre o seu rosto
Se mostre
E eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro
Jeito de ser...

Ninguém merece
Ser só mais um bonitinho
Nem transparecer
Consciente, inconseqüente
Sem preocupar em ser
Adulto ou criança
O importante é ser você...

Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja bizarro
Bizarro! Bizarro!
Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja...

Tira!
A Máscara
Que cobre o seu rosto
Se mostre
E eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro
Jeito de ser...

Ninguém merece
Ser só mais um bonitinho
Nem transparecer
Consciente, inconseqüente
Sem se preocupar em ser
Adulto ou criança
O importante é ser você...

Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja bizarro
Bizarro! Bizarro!
Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja...

Meu cabelo não é igual
A sua roupa não é igual
Ao meu tamanho, não é igual
Ao seu caráter, não é igual
Não é igual, não é igual
Não é igual...

I had enough of it
But l don't care
I had enough of it
But l don't care
I had enough of it
But l don't care
I had enough of it
But l don't care...

Diga!
Quem você é?
Me diga!
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida...

E o importante é ser você
Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja bizarro
Bizarro! Bizarro!...

Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja bizarro
Bizarro! Bizarro!
Mesmo que seja estranho
Seja você!
Mesmo que seja bizarro
Bizarro! Bizarro!
Mesmo que seja estranho
Seja você!

Beijos.....
Ray

O Profeta disse...

Uma máscara para cada acção...um disfarce em cada emoção...


Doce beijo

Meg disse...

Lídia,

Que texto, Lídia! E vou passar por cima de umas coisinhas que gostava de dizer.
Mas quantos de nós não vivem mascarados? E quantos ousam tirar a máscara, rejeitar o "parece mal" e agir de acordo com a sua consciência? Tão poucos!
E porquê? Ora, porque parece mal...!
Vivemos numa sociedade castradora.
Temos de ser uma série de coisas que "alguém" convencionou ser o normal.
E se formos entrar na discussão do conceito da normalidade?
Nunca mais saímos de aqui.
Em termos pessoais, orgulho-me de ter mandado às urtigas muitas dos comportamentos que me condicionavam . A idade tornou-me ainda mais rebelde, recuso cada vez mais a máscara.
E tenho muita pena (ou não!)... afinal de quem gostam de mim, eu, ou da máscara.
Se é da máscara, levem-na e passem muito bem.
E depois, a máscara até é tãp pesada... que quando não a temos erguemos a cabeça com muito mais facilidade!!! Que frescura cá dentro!

Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

António Almeida
É verdade, amigo, se nós não nos queremos admitir tal como somos perante nós próprios como o faremos em relação aos outros?
Abraço

Meg disse...

Lídia,
Ese não me referi aos filósofos, é porque em sociologia me incompatibilizei com uma boa meia dúzia deles...queriam cortar-me as asas e eu queria voar.

Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Abel Marques
A forma de cada um comunicar confere-lhe um rosto e uma identidade. Há visitantes que conheço pessoalmente mas a maioria não. No entanto entre os que não conheço pessoalmente há pessoas que conheço melhor e me identifico mais do que outras com quem privo.
As mácaras e as não máscaras também têm a ver com a empatia que as pessoas nos despertam.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Louise
Há segredos que não partilhamos com umas pessoas mas partilhamos com outras que a quem, por sua vez, ocultamos outros segredos. Existem bocados de nós próprias espalhados em diferentes contextos. Não é grave deste que saibamos respeitar os nossos valores e os nossos princípios.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Teresa Durães
Muito profunda a tua observação. Registo-a.

"a agressividade encapotada também é a faceta oculta do ser humano. toma a máscara de defensor de direitos não reclamados quando no fundo é apenas o descarregar de frustrações."

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Menina do Rio
O que dizes, e que corresponde também à minha visão, vem de encontro ao pensamento de Foucault:

"Não fosse a sociedade, estaríamos vivendo como os animais. As máscaras poderiam ser descritas como hipocrisia, mas são um mal necessário à sobrevivencia, infelizmente!"

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Martelo

Os nossos gestos são condicionados umas vezes por bem outras por mal. Há que encontrar o ponto de equilíbrio.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

RAY
Você é um poço de sabedoria e de humanidade. E deixa-me mensagens deslumbrantes, duma profundidade humana que mexem e remexem.
Não sou linda (sou cota) mas sou eu sem máscara, acredite.
Beijos

SILÊNCIO CULPADO disse...

Profeta
Ora nem mais: "Uma máscara para cada acção...um disfarce em cada emoção...".
Porém devemos deitá-los fora e adquirirmos, até onde pudermos, a nossa verdadeira identidade na acção e na emoção.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

MEG
Muito profundo e muito verdadeiro tudo o que dizes. Também eu procuro ser cada vez menos condicionada pelos outros. A idade ensinou-me também isso e a ser mais autêntica. Mas ensinou-me a dar menos importância a coisas que, quando era mais nova, me punham completamente fora de mim.
Abraço

Agulheta disse...

Lídia.
Interessante,este tema pois todos so dias vimos muita gente de máscara,mas eu já nem ligo,mas quando a mesma cai!!! bem ai se vê o que o a pessoa não mostra.
Beijinho Lisa

Zé Povinho disse...

O homem é fruto do meio em que cresce e vive. Somos condicionados, cada vez mais, mas chega uma altura, em que amadurecemos completamente e nos começamos a soltar, a sermos mais nós próprios. Claro que isso só acontece quando somos menos dependentes e com alguma idade, mas guardamos sempre um pouquinho que é só nosso, ou de que não conseguimos livrar-nos.
Afinal somos humanos.
Abraço do Zé

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querida Amiga Lídia, primeiro parabéns pelo novo luk, estás linda... Quanto ao teu texto, simplesmente divinal... É um nunca acabar de situações, são trinta e tal anos de estudo da Psícologia e quando mais me debruço, soubre o comportamento humano mais tenho dúvias... Mas, o teu texto, coloca questões pertinentes, que só por si dá um interessante debate de ideias... Adorei o tema!...
Beijinhos de carinho e amizade,
Fernandinha

Michael disse...

Lídia
Todos nós temos os nossos segredos e também a nossa parte lunar.Há uma certa reserva de pudor que nos limita perante os outros. Receio de rídiculo? Medo de desiludir? Provavelmente ambos.

Beijo

amigona avó e a neta princesa disse...

Lídia acho que andam muitas máscaras por aí...muitas vezes são defesas, outras deixamo-nos "mascarar"...beijinhos amiga...

Unknown disse...

Lídia
Com simpatia e, sem máscara (nem no carnaval a uso) deixo-te um beijinho

Oliver Pickwick disse...

"...a alma humana continua a ser uma fortaleza inexpugnável de abismos, tempestades e contradições..."

Ainda bem, querida Lídia. Do contrário, seríamos como os anjos, ou, os chamados espíritos de luz dos kardecistas. Nada muito emocionante, pelo que se conhece destes entes.
Quando às máscaras, jamais desaparecerão. São os alter egos da humanidade.
Artigo precioso, e que foge um pouco da sua temática habitual. Aprecio a sua diversidade ;)
Um beijo!

Mary disse...

Toda a vida é uma representação desde que se nasce até que se morre. Como vestimos o corpo assim vestimos a mente e não conseguiria ser doutro modo. Imagina que dizemos a cada pessoa exactamente o que pensamos dela.Havia de ser bonito!
Bjs

errando por aí disse...

Um texto muito interessante e para reflectir.
Uma pessoa tal como é andaria nua e manifestaria as necessidades fisiológicas em qualquer lugar e de qualquer forma bem com toda a sua agressividade na expressão mais primária.
O recato em si é já uma máscara.
Há quem abuse das máscaras mas que seriamos de nós sem elas?
Beijos

Rafeiro Perfumado disse...

Por isso é que eu decidi adoptar a imagem de um rafeiro. Não é bem um lobo, mas é familiar... ;)

C Valente disse...

Tenho estado ausente do país regressei e á chegada apanhein uma valente gripe : Assim que estiver melhor vou postar no meu blog.Gostei de regressar aqui
Saudações amigas

C Valente disse...

Muito bem descrito, " a mascara humana" é uma incognita
Saudações amigas

São disse...

Interessantíssima análise.
SIGMUND FREUD foi um genio, sem dúvida ao intuir a força do inconsciente em nós.
Quanto à nossa proximidade com a parte escura da Natureza é bem maior doq ue aquela que gostamos de imaginar.
Abraço-te, querida Lídia.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Meg
"E se não me referi aos filósofos, é porque em sociologia me incompatibilizei com uma boa meia dúzia deles...queriam cortar-me as asas e eu queria voar."

Eu entendo e bem.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Agulheta
Há máscaras que nos deixam petrificados quando nos mostram o que escondem.
Com os anos adquirimos um certo traquejo que nos permite "gerir" as surpresas com outra sabedoria.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Zé Povinho
A idade não tem tudo mau e uma coisa boa que tem é exactamente essa possibilidade que vamos adquirindo de podermos ser nós mesmos.
Mas para isso é preciso a tal independência.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Fernanda
Obrigada pelas tuas palavras. Se estudas e trabalhas a Psicologia saberás melhor que eu o que estou a falar.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Michael
Há um espaço de liberdade em cada um de nós que deverá ser mantido e defendido. Não temos que nos expor a ninguém por obrigação. Mas isso não significa aquela máscara afivelada que esconde a nossa verdadeira identidade.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Amigona
Andam muitas máscaras por aí mas, como diz o provérbio, "podemos enganar muitos durante muito tempo mas não todos durante toda a vida".
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Carminda

Obrigada. Também com muita simpatia e sem máscara.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Oliver Pickwick
Às vezes ainda bem e outras ainda mal. Porque há máscaras e máscaras. Ou não será?
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mary
Há máscaras piedosas. Há máscaras defesa. Há máscaras pudor.

Mas há máscaras embuste. Só estas me incomodam.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

SHEILA
Um pequeno exercício com vista a nos tornarmos mais autênticos não faria mal algum e conferiria uma maior responsabilidade às nossas emoções e aos actos que delas resultam.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Rafeiro Perfumado
A tua máscara não é bem familiar à de um lobo. A tua máscara é uma fofura. Eu adoro rafeiros e perfumados então!....

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

C.Valente
Ausente do País é bom.
Uma gripe valente é mau.
Voltar a ter-te aqui é muito bom.

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

SÃO
Como sempre estamos de acordo.
Quanto à tal parte escura que nem queremos imaginar... Bom, se nós a admitirmos já estamos a combatê-la.
Abraço

tagarelas disse...

Muitissimo interessante este post. Sou uma amante da psicologia. Desde a minha adolescencia, quando estudei psicologia, no meu 10 ano, que me apiaxonei. Como estava em letras nao pude optar em seguir os meus estudos superiores por essa via.Mas o bichinho ficou sempre comigo e muitas das minhas leituras sao sobre psicologia. Nao conhecia Focault, mas pelo que li no seu post. Este sera um proximo investimento. Ate porque aquilo que li coincide muito com o que eu propria penso sobre nos pobres animais racionais.

Dalaila disse...

muito bom!!!!

as máscaras, objectos usados nas faces da vida, que nos amedrontam quando as sentimos, não vemos a realidade, vemos um jogo e a mentira

Dalaila disse...

O Foucault diz tanto, diz tudo, quanto mais nos fastamos de nós mais vemos o universo, ou mais o sentimento dentro, deixamos de olhar só para o umbigo

Ray Gonçalves Mélo disse...

Lídia , o que é Cota?
Eu não sei.
Eu só sei que para mim voce é linda.
Porque consiguo ver além ,toda sua beleza interior e a física , vejo seus traços são de uma mulher linda.
Só tempo passou , como também passa para mim. Para todos nós.
Esse negócio de beleza é muito relativo. A beleza existe do ponto de vista de quem o vê.
Lembra da história da Bela e a Fera?
Então? Bela viu beleza na Fera e se apaixonou por ela do jeito que ela era, uma Fera.
Para mim voce sempre será Bela.
Uma Rosa.
Procurei uma música para te ofertar e achei este clássico de Cartola," As Rosas não falam"
Que fez muito sucesso no Brasil .

Deixo-te a letra....

***********************************
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
por fim

Para ouvir na íntegra a música cantanda por Betty Carvalho clique aqui http://www.youtube.com/watch?v=BSObDOETrgU
Um beijo minha querida amiga.
Ray